Quanto às especificações sobre vermífugos a serem dados a cães que deles necessitem, recomendo que primeiro seja efetuado Exame de Fezes do animal em questão. Sendo os vermes intestinais que parasitam os intestinos de cães pertencentes a vários grupos (Protozoários, Nematelmintos, Platelmintos, etc. ), e mesmo dentro de um desses grupos existirem vermes, como por exemplo o Ancylostoma caninum , que por ser hematófago (se alimentar de sangue), e não sendo eliminado pelos vermífugos administrados * per ós * (via oral), tornam a necessidade de prévio exame de fezes indispensável. Devido esses fatos, somente sendo efetuado prévio exame parasitológico de fezes, poderá uma prescrição vermífuga ser eficiente. Não é aconselhável simplesmente administrar ao cão, um ou vários vermífugos numa determinada freqüência no tempo. Os medicamentos de ação vermífuga, como todos medicamentos são necessários apenas quando indicados (no caso do animal encontrar-se parasitado), caso contrário além de ser desnecessário poder também ser nocivo, pelo fato de todo medicamento, indistintamente, também ter alguma ação nociva, poderá quando administrado sem ser necessário ao invés de fazer bem ao animal poderá fazer mal, podendo levar o animal que dele não tinha necessidade por não se encontrar parasitado, até a uma intoxicação causada pelo próprio medicamento vermífugo.
Os vermífugos são medicamentos indicados para combater (eliminando) vermes intestinais quando eles existem parasitando um determinado animal. Se o animal não está parasitado por vermes, a administração de vermífugos além de desnecessária pode ser nociva, pois como relatei anteriormente, todo medicamento (inclusive portanto os vermífugos), têm além de sua ação indicada, também ação danosa (tóxica) ao organismo (Uns mais outros menos, porém todos, sem exceção). Assim sendo, medicamentos em geral somente devem ser administrados quando necessário, e não indiscriminadamente. Ministrar um vermífugo, embora alguns deles tenham o que se chama amplo espectro de ação, sem saber se o animal está parasitado e se estando parasitado qual os quais os vermes que se encontram parasitando o animal, parece-me irracional.
A propósito disso vou lhes relatar um fato que se verificou ainda recentemente em minha cidade, com um cão de propriedade de um amigo, que por sinal é médico e renomado em sua especialidade. Muitas vezes perguntei a esse amigo médico, se ele realizava periódicos exames parasitológicos das fezes de seu cão, ao que ele sempre me respondia: Meu cão vive confinado apenas no quintal de minha casa, e não tem acesso a Rua, portanto acho desnecessário exames de suas fezes. Além do fato, de mesmo assim, lhe ministrar periodicamente vermífugos oralmente. Bom! Um certo dia, telefonou-me o mesmo aflito, dizendo: Faça-me o favor de vir até minha casa, porque meu cão está evacuando sangue, e não sei como proceder !!! Atendi esse amigo, e após a necessária coleta das suas fezes de seu cão e subsequente exame parasitológico, o que realizei na própria residência desse amigo, pois o mesmo possui Microscópio ótico em seu lar, concluí: Parasitismo intenso por Ancylostoma caninum.
Esse meu amigo, que como frisei é médico, ficou boquiaberto: Não é possível, pois esse cão não tem acesso a Rua nem convívio com outros cães, onde ele pegou esse parasita? Respondi-lhe: Veja você mesmo no microscópio os ovos do Ancylostoma (característicos, forma ovalada, casca fina, medindo de 40 x 60 micra aproximadamente, apresentando muitos deles 2 a 4 blastômeros (células) em seu interior, e alguns inclusive a larva pré formada em movimento em seu interior. Não teve ele outra alternativa senão acreditar no parasitismo de seu cão, com o agravante, desse parasita poder também contagiar o homem, com um parasitismo errático na pele, causando o que é chamado em medicina de Larva Migrans, ou Já começa (no Rio de Janeiro), ou Coceira das Praias em São Paulo.Um detalhe: A simples administração de vermífugos orais, nesse caso, não eliminam o verme, pelo fato do mesmo sendo hematófago (alimentar-se de sangue), não ingerir o medicamento ministrado oralmente, e assim não vir a morrer e ser eliminado.
Em caso desse parasitismo, a medicação para ser eficiente, necessita ser administrada sob a forma de injeção parenteral, porque o medicamento sendo levado juntamente com o sangue pela circulação é ingerido o remédio pelo verme ao se alimentar de sangue (hematófago), e com ele também ingerindo o medicamento, e assim vir a morrer e ser eliminado. Em casos do parasitismo errático nos próprios cães que os albergam nos intestinos, constituindo então um duplo parasitismo (intestinal e cutâneo), os cães apresentarão além de enterite hemorrágica (evacuam sangue), também forte coceira da pele causada pelas larvas que penetraram na pele e ali se instalaram de forma errática, principalmente nas regiões do ventre e das patas. Observando a pele com uma simples lupa, desses animais com o parasita erraticamente situado, verificar-se-há o trajeto do mesmo sob a epiderme, o que é denominado de Bicho dermográfico, dermatose serpinginosa ou Larva Migrans, o que explica o prurido manifestado pelos mesmos quando nessa forma parasitados.
É essa a principal razão da Legislação existente proibindo acesso de cães às praias, pelo fato de poderem ser os cães disseminadores desse parasitismo errático em banhistas, que venha a deitar-se nas areias que tenha sido contaminadas por fezes de animais portadores desse verme em seus intestinos, e com suas fezes juntamente depositados nas áreas de praias. Na região do Rio de Janeiro é esse parasitismo humano denominado de "Já-Começa" , em São Paulo simplesmente "Coceira das Praias", e no Sul dos Estados Unidos conhecido por "Ground itch "; Em Porto Rico é chamado por "mazamorra ", e os povos de língua inglesa em geral o denominam de: "creeping eruption " . Além da larva do Ancylostoma, também outras larvas de moscas, formigas ou nematoides, também podem determinar idêntica doença errática.
Quanto aos parasitas intestinais que ocorrem com mais freqüência em cães, voltarei ao assunto quando tratar especificamente de Ancylostomas, Toxocaras, e outros parasitas intestinais e viscerais.