Os olhos
Um dos comportamentos do rosto mais eficazes na comunicação visual para um cão que quer impor o seu domínio sobre alguém estranho é o encontro directo dos olhares.
Quando dois cães desconhecidos se encontram, o sujeito submetido interrompe o contacto directo do olhar com o dominante, sendo isto suficiente para estabelecer o estatuto social dos dois indivíduos. Deve ter-se isto presente com os cães desconhecidos que se encontram pela primeira vez: se um cão que tinha demonstrado antes a sua submissão, afastando o olhar, fixa agora nos olhos o outro indivíduo (seja este homem ou cão), pode confundir-se e interpretar este olhar insistente como uma ameaça, reagindo em consequência, isto é, mordendo sem aviso prévio. Por outro lado, um cão dominante que não afasta o olhar e que o mantém fixo durante um bocado pode aumentar a sua ameaça, rosnando e mostrando os dentes.
Quando repreender o seu cão, não se aborreça por ele não o olhar na cara e desviar o olhar; está simplesmente reconhecendo a sua superioridade; insista para atrair o seu olhar e manter o contacto com ele, mesmo correndo o risco de confundir mais o animal que não entenderá nem o comportamento nem a repreensão. Na relação diária normal com o cão este jogo de olhares é ultrapassado: muitas vezes, observá-lo-á para entender as suas intenções, para chamar a sua atenção, para se deixar acariciar ou convencê-lo a dar-lhe uma bolacha, sem que tenha qualquer intenção de o ameaçar ou pôr em dúvida o domínio do dono.
Sorrisos e sorrisos
O sorriso de um cão é diferente do do homem: um cão que tenha uma expressão serena e relaxada, com as orelhas baixas, os olhos semi-fechados, a boca semiaberta e o focinho para cima, pode dizer-se que está a sorrir (à maneira canina).
No entanto, muitos cães tentam imitar o sorriso dos seres humanos e, muitas vezes, é possível vê-los assumir um esgar ridículo: lábios esticados e dentes à mostra para imitar o sorriso dos seus donos, talvez virando-se de barriga para cima em sinal de submissão.
Mas, como é possível um cão chegar a este ponto de astúcia de adaptabilidade? A maior parte dos animais, incluindo os cães, avaliam continuamente os outros seres vivos, por meio de observações atentas, e comportam-se em consequência. De outro modo não seria possível adestrar um cão para que assuma as atitudes e os comportamentos mais diversos: há pouco tempo surgiu nos jornais a notícia de um cão americano que tinha aprendido a pronunciar.
Cães e crianças
Não é necessário sublinhar como é benéfica a relação entre uma criança e um cão. Para a criança, o cão torna-se, rapidamente, um privilegiado e companheiro inseparável de brincadeiras, mas os pais devem aconselhar e acompanhar as crianças de maneira que se aproximem dos animais com respeito e carinho, estimulando, desta maneira, uma relação correcta e equilibrada nos processos de crescimento. Deve também controlar se o animal está sempre limpo e saudável e adestrado correctamente.
Um momento particularmente delicado na convivência com um cão é representado pela chegada a casa de um recém-nascido: o cão (especialmente se se tratar de um macho e se for jovem) viverá a situação de uma forma traumática. Durante os primeiros dias não o devem afastar, mas nunca o devem deixar sozinho com a criança; deve permitir-se que se aproxime e, enquanto o faz, tranquilizá-lo e acariciá-lo, mas tendo-o sempre sob controlo para captar o seu estado de espírito e intervir, de imediato, no caso de reacção anómala.
Para o cão, aquele ser novo, privado de odores familiares, pequeno e indefeso, que chora "uiva") pode, de facto, ser olhado como uma "presa". Do mesmo modo, as crianças que gatinham, que correm pela rua, estimulam no cão o instinto de presa. No caso de se aperceber de comportamentos deste tipo, não se limite a castigos corporais ou ao uso do açaimo: é melhor efectuar um adestramento correcto e, no caso de ser necessário, pedir conselho a um especialista.