Trichuris vulpis
Os vermes adultos medem aproximadamente 4 a 6 cm de comprimento, possuem extremidade posterior que se afila rapidamente, conferindo-os o apelido de "vermes chicotes". A extremidade anterior é filamentosa e longa e esta porção fica encravada na mucosa. Os ovos tem o formato de um limão com coloração castanha ou amarelada.
Ciclo de vida:
Os ovos após 1 a 2 meses passam a conter L1. O animal ingere o ovo, há a liberação de L1 que atinge as glândulas da mucosa cecal e faz quatro mudas até se tornar adulto, passam então para a superfície da mucosa ficando encravado nesta.
O período pré patente é de 6 a 12 semanas.
Os ovos possuem grande longevidade, podendo sobreviver em canis por 3 a 4 anos como reservatório de infecção. Para desinfecção utilizar calor seco ou úmido.
Sinais clínicos
Os adultos, como já mencionado, cavam orifícios na mucosa do cólon e ceco, podendo provocar inflamação, hemorragia e perda de proteína intestinal, como consequência o animal pode apresentar hematoquezia ou enteropatia com perda proteica. A diarréia pode resultar em hiponatremia e hipercalcemia graves, mimetizando aquela pelo hiperadrenocorticalismo. Crises convulsivas podem estar presentes provocadas provavelmente pela hiponatremia.
Diagnóstico
Através da realização de exame de fezes, que deve sempre ser pedido quando o animal apresentar diarréia com sangue ou outra doença do cólon. Os ovos são relativamente densos e sua liberação é intermitente, as vezes só sendo encontrados em exames múltiplos.
Tratamento
Vermífugos a base de Febendazole ou associação de Pirantel, Praziquantel e Oxantel.
Toxocara canis
Macroscopicamente os vermes medem até 10 cm de comprimento, apresentam coloração esbranquiçada e podem ser confundidos com T. leonina. Os ovos apresentam coloração castanho escura, são subglobulares de casca espessa e com escavações.
Ciclo de vida:
O parasita tem quatro formas de infectar:
Cães até 3 meses (Forma básica): O ovo após 4 semanas contem L2, que é a larva infectante. O animal ingere este ovo que vai para o intestino delgado onde ocorre a eclosão e L2 cai na corrente sanguínea, via fígado, atinge os pulmões mudando para L3, dirigi-se a traquéia, voltam para o intestino onde se tornam adultas.
Cães com mais de 3 meses: A migração hepatotraqueal é menos frequente e aos 6 meses quase cessa. A L2 atinge então tecidos (fígado, pulmão, cérebro, coração, musc. esquelética e sistema digestivo).
Cadelas prenhes (infecção pré natal): As larvas se tornam mobilizadas 3 semanas antes do parto, vão para o pulmão do feto, tranformam-se em L3 antes do nascimento. No cão recém nascido o ciclo se completa e vão para o intestino via traquéia.O cão lactente pode infectar-se ingerindo L3 no leite durante as três primeiras semanas de vida, indo a larva direto para o intestino.
Hospedeiros paratênicos: Roedores ou aves ingerem ovos infectantes, L2 vai para os tecidos onde ficam até que estes animais sejam ingeridos por um cão e ocorra o desenvolvimento do parasita, que se limita ao trato gastrointestinal.
Sinais clínicos
O animal pode apresentar quadro pulmonar devido a migração pulmonar larval, tendo assim tosse, aumento da frequência respiratória e corrimento nasal espumoso. Como complicação pode ter-se pneumonia que as vezes é acompanhada de edema pulmonar. Os parasitas adultos causam enterite mucóide, podendo haver oclusão total ou parcial do intestino.
O animal ainda pode apresentar diarréia, pelagem rala, crescimento retardado com pouco ganho de peso. Em grandes infestações se observa vômito do verme ou sua saída nas fezes.
Diagnóstico
Pelo exame de fezes, sendo de fácil visualização, não havendo necessidade de Método de Flutuação, basta um esfregaço de fezes com uma gota de água. Em neonatos, o diagnóstico baseia-se principalmente nos sinais pnemônicos da ninhada, pela dificuldade de se encontrar ovos nas fezes (fase pulmonar) e tambem porque uma grande carga parasitária pode provocar sinais antes que os vermes amadureçam e comecem a liberar ovos nas fezes.
Tratamento
Cãezinhos com 2 semanas, fornecer uma dose com repetição após 2 semanas para eliminar a infecção do período pré natal e tratar tambem a cadela. Nova vermifugação aos 2 meses de idade para eliminar a contaminação pelo leite. cachorros recentemente adquiridos devem ser tratados duas vezes com intervalo de 14 dias. Os adultos tratados a cada 6 meses. Vale lembrar que se trata de uma zoonose.
Toxascaris leonina
O parasita adulto é muito semelhante ao T. canis. Os ovos são levemente ovóides com casca espessa. Não há fase migratória, depois de eclodido o ovo, L2 dirige-se direto para o intestino delgado.
O tratamento e controle são os mesmo para T. canis.
Ancylostoma caninum e Ancylostoma brasiliense
Estes vermes possuem actividade hematófaga no intestino, levando a perda de até 0,1ml de sangue por verme por dia. Macroscopicamente tem de 1 a 2 cm de comprimento com postura característica de gancho.
Ciclo de vida:
Pode-se ter infecção pela ingestão dos ovos levando ao cilclo pulmonar, já descrito, ou ir direto para o intestino. Ocorre tambem penetração cutânea, onde L3 atinge a circulação sanguínea indo para os pulmões mudando para L4 atingindo bronquios e traquéia, sendo depois deglutidas, alojando-se no intestino delgado e tornando-se adultas.
Outro tipo de infecção é a transcolostral. A L3 atinge a musculatura esquelética da cadela ficando inativa até a prenhez. São então ativadas ainda como L3 e eliminadas no leite por um período de mais ou menos 3 semanas após o parto.
Sinais clínicos
Animais jovens podem apresentar perda de sangue grave (melena, sangue fecal vivo e/ou anemia) e diarréia. cachorros de 5 a 10 dias podem vir a óbito antes que os ovos apareçam nas fezes. Animais mais velhos dificilmente apresentam doença exclusivamente pelo Ancylóstoma e além disto nestes animais a resposta medular compensa a perda de sangue.
Diagnóstico
Através de exame de fezes e exame hematológico para constatação da anemia.
Tratamento
Vermífugos àbase de pirantel e praziquantel. Cadelas prenhes, uma vez durante a prenhez. Os lactentes com 1 a 2 semanas de idade e repetir após 2 semanas. O piso dos canis não deve ter frestas e deve ser mantido seco, a cama (se houver) descartada diariamente, as áreas livres de cimento devem ser mantidas limpas e secas. Remover as fezes com uma pá antes de esguixar com a mangueira, são medidas que ajudam na prevenção desta e outras parasitoses.
Dipillidium caninum
Os animais se infectam ao ingerirem hospedeiros intermediários infectados, como pulgas e piolhos.
Sinais Clínicos
Irritação anal ou segmento móvel nas fezes. Alguns animais podem apresentar crises convulsivas decorrentes da grande carga parasitária.
Tratamento
Vermífugos à base de praziquantel e controle de hospedeiros intermediários.
Isoospora canis e Isoospora ohioensis
Acomete principalmente animais jovens. A infecção se dá pela ingestão de oocistos infectantes no ambiente. Os Coccídios invadem e destroem as células das vilosidades epiteliais.
Sinais clínicos
Animais adultos podem ser assintomáticos.
Em animais jovens podemos encontrar diarréia moderada a grave, quase sempre com sangue.
Diagnóstico
Método de flutuação com exames repetidos.
Tratamento
Sulfadimetoxina.
Giardia ssp
Trata-se de um protozoário cuja contaminação se dá pela ingestão de cistos eliminados por animais infectados e pela água.
Sinais clínicos
A localização do protozoário é o intestino delgado. Causa diarréia moderada a grave, persistente, intermitente ou autolimitante. A diarréia é do tipo "fezes bovinas", podendo levar a perda de peso.
Diagnóstico
Achado de trofozoítas móveis nas fezes ou cistos pelo método de flutuação com solução de Sulfato de Zinco. Realizar 3 exames antes de descartar giardíase.
Tratamento
Utilizar Metronidazol ou Furazolidona. É de importância a desinfecção do ambiente com derivados de amônio quartenário.
Observações
As verminoses podem deixar o animal num estado febril (máx. 39,6C). Quando o animal apresentar temperaturas elevadas é bastante provável que possua outra enfermidade associada. As doses e repetições devem ser adequadas de acordo com o fabricante do vermífugo e o ciclo do parasita. O tratamento deve ser realizado sempre com base no resultado de um exame de fezes, para se ter noção da quantidade e do tipo de parasita.