Amanhã, dia 4 de fevereiro, quase um ano após o suicídio de uma veterinária abalada com a situação de cães que viviam em abrigos do país, uma nova lei proibindo o sacrifício de animais irá entrar em vigor em Taiwan.
A veterinária e amante dos animais Chien Chih-cheng poderia ter escolhido uma posição muito melhor em seu emprego, ela tinha se formado e uma das melhores universidades do país e sempre tinha as pontuações mais altas. Porém, ela preferiu cuidar pessoalmente dos cachorros abandonados que chegavam ao abrigo em que ela trabalhava.
O serviço de Chien incluía uma coisa que nenhum amante de animais gostaria de fazer, sacrificar cachorros sadios por conta de superlotação pelo alto número de cães abandonados e falta de recursos dos abrigos para cuidar de todos os animais.
Chien se suicidou em maio de 2016 utilizando a mesma droga que era usada por ela para sacrificar os cachorros no abrigo.
Além de bastante impacto, o caso acabou abrindo os olhos da população e dos governantes para o grave problema de animais abandonados no país e para as pressões e dificuldades que as pessoas que trabalham contra o abandono dos animais de estimação enfrentam.
Em uma carta deixada por Chien ela mostra toda a sua preocupação com os cães abandonados: “Eu espero que minha ida faça com que vocês percebam que cachorros abandonados também são vidas. Espero que o governo entenda a importância de controlar o problema. Por favor, valorizem a vida”, escreveu a veterinária.
Segundo uma colega de trabalho de Chien, “Ela se colocava sob muita pressão. Ela gostava e se importava muito com os animais, então a pressão do trabalho a afetava”.
Após a morte da veterinária, imagens de uma entrevista dada por ela contando como reagiu após sacrificar o primeiro animal voltaram a circular. “Eu fui para casa e chorei a noite toda”, contou ela.
A veterinária foi chamada e açougueira e de “a bela assassina” por muitas pessoas, mas os cães continuavam sendo abandonados pelo país e ninguém fazia muita coisa para resolver esse problema.
Chien trabalhava em um abrigo de Taoyuan que tinha uma das menores taxas de sacrifício e uma das maiores de adoções entre os canis de Taiwan, mas isso não fazia com que a veterinária se sentisse melhor.
Agora, quase um ano após a morte de Chien, Taiwan terá leis mais duras, apesar de o governo alegar que isso não tem nenhuma relação com o suicídio de Chien, que foi considerado simplesmente uma tragédia humana.
A partir de amanhã, dia 4 de fevereiro de 2017, se tornará ilegal sacrificar animais abandonados em Taiwan. Além disso, os abrigos irão receber um aumento de 40% em seus orçamentos e todos que desejarem abandonar seus cachorros em abrigos terão que pagar uma taxa de cerca de 125 dólares.
O governo de Taiwan também prometeu oferecer apoio psicológico para os funcionários que trabalham nos abrigos, coisa que não existia quando Chien ainda estava viva.
Fonte: BBC Brasil