Cães Sem Raça Definida, os nossos queridos vira latas, sempre sofreram muito preconceito da sociedade. Distantes de serem um símbolo daquele grupinho seleto que representava status, eu lembro bem que as pessoas tinham vergonha e se sentiam intimidadas em sair com seus SRDs, justamente pelos olhares de julgamento.
Felizmente, graças ao trabalho incrível de ONGs e protetores independentes, de inúmeras campanhas e da própria mudança de perspectiva do público, podemos ver que estamos seguindo para frente, mesmo que as vezes os passos sejam pequenos.
Falando de maneira realista, sem dúvida ainda estamos muito longe do ideal, e é inegável que ainda há muito a ser feito. Os SRDs ainda precisam muito de nossa ajuda, mas não pregando que um é melhor que o outro, que os cães sem raça definida são melhores que os cães de raça, pois dessa maneira, estaremos apenas reproduzindo o mesmo preconceito que queremos quebrar.
Há um grupo de pessoas que não podem ver um cachorro de raça definida sem falar frases já batidas como “Prefiro um SRD” ou “Por que não adotou?”.
Devemos lembrar que adotar ou comprar um cachorro é uma decisão pessoal e que algumas pessoas podem simplesmente querer determinada raça, seja para um trabalho específico ou por uma maior associação com os traços que aquela raça carrega.
É importante saber que nem todos os cães de raça são comprados. Essa realidade é ainda mais forte em países fora do Brasil, como Inglaterra e Estados Unidos. Se você visitar um abrigo, a maioria dos cães são de raça definida, principalmente por que não há tantos cães de rua como no Brasil ou Índia.
No final das contas, tudo volta para o respeito pelo outro, sem impor que ele viva e seja de acordo com o que você julga ser o caminho correto. Se você não compraria um cão, continue sem comprar um animal, foque a sua energia em conscientizar de maneira respeitosa quanto a decisão do próximo.
Não se preocupe com o animal que está sendo amado em uma casa, por um tutor que o oferece todo cuidado necessário e uma vida digna.
Lute contra o verdadeiro vilão e vá atrás da reprodução desenfreada de cachorros que as próprias pessoas promovem, nas puppy mills que se espalham, nos estabelecimentos que vendem esses animais abusados, no governo omisso que joga a responsabilidade nos ombros da sociedade civil, nos tutores irresponsáveis que maltratam e abandonam seus cães, com e sem raça definida, aos montes todos os dias.
Se mesmo falando sobre adoção e a pessoa ainda assim decidiu comprar, esse ainda é um direito no Brasil, não o pinte como vilão e muito menos seja preconceituoso com o cachorro, dessa forma a única coisa que você irá conseguir é fechar o canal de diálogo. Converse sobre a importância de conhecer a mãe, o canil, o criador, que nunca compre sem ver com os próprios olhos o lugar onde os cães são criados, que pesquise muito antes de adquirir determinada raça, sobre posse responsável e sobre o compromisso de uma vida que é receber um animal. Nós escrevemos um artigo sobre esse mesmo assunto AQUI.
Um cachorro é um cachorro, e vem em centenas de embalagens, tamanhos, cores e personalidades. Que os amemos como a espécie rica e plural que é, esquecendo todos esses significados que nós, os humanos, inventamos.
Leitura recomendada: Lidando com a adoção e a compra de cachorros