A fratura óssea, ou popularmente chamada de osso quebrado, é uma das condições que mais aparece nas grandes clínicas veterinárias, não só do Brasil, mas de todo o mundo. Muitas vezes a fratura num animal pode assustar bastante o tutor, já que em alguns casos, o osso pode atravessar a pele e ficar posicionado externamente (fratura exposta), tornando-se um visual bastante desconfortável para quem tem esse contato. Dentro da medicina, as fraturas ósseas são classificadas em diferentes tipos e gravidades, sendo importante a avaliação de um médico veterinário nessas horas.
Nem toda fratura é resolvida com uma simples imobilização feita em casa ou em um consultório veterinário. Existem casos que só a intervenção cirúrgica é a opção, principalmente no caso do animal que apresenta múltiplas fraturas em um único osso. É de suma importância que o tutor do animal, ao perceber uma fratura grave, leve o cão a um especialista da área. Existem tutores que tentam resolver o problema na própria residência, fazendo imobilizações errôneas. Isso pode causar problemas graves futuros, pois quando a fratura calcificar, o membro pode ficar totalmente danificado. Outro ponto, que também é importante ressaltar, diz respeito às fraturas expostas, quando os tutores, por conta própria, tentam reposicionar o osso para a posição original. Isso já fez inúmeros cães perderem a vida, pois, na tentativa de por osso para dentro novamente, pode-se romper artérias importantes.
A maioria das fraturas ósseas é normalmente causada por atropelamentos. Os cães que fogem de casa, e não são acostumados a viver em meio ao trânsito, acabam se atravessando na pista e sendo atingidos pelos veículos. Outra causa que também ocorre com muita freqüência, principalmente em cães pequenos, é o pisoteio. Cães filhotes e de raças muito pequenas, como: Pinscher, Yorkshire e etc, são propensos a serem lesionados acidentalmente. São encontrados também muitos cães com fraturas devido às brigas nas ruas. Normalmente, isso acontece em época de cio das cadelas das proximidades, onde ocorre a competição de machos. Os casos de fraturas em cães, mais difíceis de serem encontrados nas clínicas das cidades, são decorrentes de disparo de arma de fogo. Essa causa ocorre mais em meio rural, principalmente em cães usados pra caça.
Os sinais clínicos de animais com fraturas ósseas são bem amplos. Normalmente, os cães domésticos, comparados com os seres humanos, são mais resistentes à condição dolorosa. Por conta disso, os sinais que o animal irá apresentar, dependerá da localidade onde foi lesionado. De qualquer forma, no caso de um atropelamento, fica difícil diagnosticar os lugares e a quantidade de fraturas que sofreu o animal sem que sejam feitos exames complementares.
Animais que sofreram fraturas nos membros, tanto posteriores quanto anteriores, usualmente apresentam as seguintes sintomatologias: O animal suspende o membro afetado pela lesão; Sensibilidade ao ser tocado na região; Animal apresenta uma conduta depressiva, procurando um local para ficar isolado; Pode apresentar agressividade.
Animais que sofreram fraturas nas costelas, apresentam comumente os seguintes sintomas: Respiração difícil; Dor ao ser tocado na região dos flancos; Anorexia (Não se alimenta); Apresenta prostração; Tende a apresentar cifose (desvio da coluna, assemelhando-se a um arco).
Os pets que apresentam fraturas na coluna vertebral, normalmente são os casos de mais fácil diagnóstico, pois apresentam sinais clínicos bem característicos, tais como: Membros posteriores flácidos, arrastando os mesmos; Cauda do animal não permanece em pé, e sim flácida e sem movimentação; Os membros posteriores não apresentam sensibilidade à dor.
Como dito anteriormente, as fraturas ósseas dentro da medicina são classificadas dependendo do seu tipos e gravidade. As fraturas podem ser em apenas um local do osso, ou em várias partes, sendo estas últimas classificadas como fraturas múltiplas. De um modo resumido, as fraturas se diferenciam basicamente em dois tipos, as completas e as incompletas.
Fratura completa: A fratura completa, como o próprio nome diz, é quando o osso quebra por completo, ou seja, há a separação total, ocorrendo o afastamento do osso. Nesse caso é de fácil percepção, já que o membro fica totalmente solto, sendo segurado apenas pelos tendões, músculos e pele. Nesse caso é indicado a intervenção cirúrgica de emergência. Dentro da classificação da fratura completa, existe a diferenciação de fratura aberta e fechada.
Na aberta, também chamada de exposta, o osso fraturado atravessa a pele do animal ficando no meio externo. É nesse caso que de maneira nenhuma deve-se tentar recolocar o osso na posição normal, pois pode romper vasos importantes. Na fratura fechada, o osso não atravessa a pele, não aparentando nenhuma lesão pelo meio externo.
Fratura incompleta: Nesse caso, a fratura é menos grave, pois não há o rompimento total do osso. Normalmente ocorre apenas uma fissura, causando dor e suspensão do membro pelo animal, porém é percebido que o membro não fica solto como na fratura completa. Nesse caso o médico veterinário pode optar pela imobilização com gesso.
O diagnóstico para as fraturas ósseas são simples, porém só devem ser feitas por um médico veterinário de sua confiança. Primeiramente é feita a anamnese e, conseqüentemente, o exame clínico do animal. O principal exame a ser requerido em suspeita de fratura é o Raio X. Ele pode ser feito apenas no local suspeito da fratura pelo médico veterinário ou, em casos de atropelamento, pode ser requerido que sejam radiografadas várias partes do corpo. No caso dos animais que vão passar por cirurgia para a fixação óssea, é necessário que se façam exames laboratoriais para uma boa segurança cirúrgica.
O tratamento é de acordo da gravidade da lesão. Como dito anteriormente, pode ir apenas de uma imobilização simples, até uma cirurgia complexa. Na cirurgia, normalmente são usados pinos e placas para uma boa fixação dos ossos. As lesões na coluna vertebral, normalmente são de prognóstico ruim, sendo necessário o uso de cadeiras de rodas especiais. As fraturas de costelas devem ter uma atenção especial, pois trazem o risco da perfuração de órgãos internos. Isso tudo deve ser examinado pelo clínico.
A prevenção consiste em não permitir que os cães fiquem na rua, próximo ao trânsito. Deixe o animal em um local seguro, longe de vândalos, marginais, cães de rua, carros, armas de fogo e outros perigos. Em caso de qualquer suspeita de fratura óssea, o animal dever ser levado a uma clínica veterinária, imobilizado. Não é indicado que o pet seja muito manipulado, para que não ocorram lesões mais graves.
Por: George Augusto von Schmalz Portella de Macedo
Ocupação: Acadêmico de Medicina Veterinária
Contato: george_medvet@hotmail.com