O cão-guia é bastante procurado para dar um suporte para pessoas cegas. Com estes animais, o deficiente visual acaba tendo um pouco mais de liberdade no seu dia a dia, sem depender da ajuda de outra pessoa, pois o cão-guia é capaz de auxiliar da forma correta.
Porém, apesar de a permanência de cão-guia em locais públicos ou privados ser amparada por lei, parece que ainda existe muita gente que não entende que o cão-guia é um cão de serviço e está ali para ajudar uma pessoa que tem certas limitações e necessidades especiais.
Foi exatamente por uma situação de puro preconceito e falta de sensibilidade que a professora primária Olga Souza passou ao decidir aproveitar suas férias nas belas praias de Balneário Camboriú.
Em um dia de sol, a mulher, de 57 anos, foi se refrescar no mar e, como é deficiente visual, levou seu cão-guia Darwin para acompanhá-la até a água. Foi neste momento que uma banhista resolveu chamar a polícia, mesmo após Olga explicar a sua situação.
“O guarda me disse que uma pessoa fez a denúncia por se sentir ofendida moral e fisicamente porque tinha um cachorro perto dela na praia. Até agora eu nunca tinha enfrentado a polícia militar, mas essa mulher foi às últimas e decidiu acioná-los”, disse Olga.
Segundo o comandante do 12° Batalhão da PM, o coronel Evaldo Hoffmann, oficiais foram enviados até o local para evitar uma possível confusão, já que o número de banhistas que estavam se sentindo incomodados com a presença do cão-guia na praia era grande.
A professora primária, que já nasceu cega e trabalha na inclusão de crianças com deficiência no ensino regular em Porto Alegre, afirmou que já está com o seu segundo cão-guia e nunca tinha passado por uma situação como essa.
“Não posso trocar a minha deficiência como troco de roupa. Eu sou uma pessoa como todas as outras, tenho que ter o meu lazer também. Foi bastante incômodo. Se fosse uma pessoa com seu primeiro cão-guia talvez ficasse nervosa, mas eu fui levando na medida do possível”, contou Olga, que passou 12 anos com o seu primeiro cão de serviço.
Apesar de ter explicado a todos no local que a permanência de seu cão-guia em locais públicos ou privados é amparada por lei, os banhistas incomodados continuaram a querer que ela retirasse o seu animal da praia.
O problema só foi resolvido depois que Olga pediu ajuda para técnicos do curso de treinadores e instrutores de cães-guias do IFC e eles entraram em contato com a PM.
De acordo com coronel Evaldo Hoffmann, o que aconteceu na praia foi um mal-entendido por falta de informações dos policiais sobre a legislação e afirmou que pretende incluir palestras sobre esse assunto nos cursos de instrução para os policiais.
Fonte: Extra e A Notícia