Miosite em cães é uma condição grave, que afeta os mais variados músculos do corpo do animal e pode ser bastante debilitante.
Existem vários problemas que podem dar início à doença, entre elas, infecções e traumas, como acidentes ou ainda, por conta de processos inflamatórios.
Muitas vezes, esses processos inflamatórios estão relacionados a um problema autoimune, ou seja, quando o próprio sistema de defesa do cãozinho acha que a musculatura é nociva e, então a ataca.
Existem vários tipos de miosite em cães, sendo a mais comum a que afeta os músculos mastigadores.
Neste artigo falaremos mais sobre o tema e, se você deseja entender a doença, não perca!
O que é a miosite?
Cão doente – Foto: Freepik
A miosite é uma doença que afeta diretamente a musculatura, podendo esta ser de várias regiões do corpo.
Por conta da situação, o corpo gera uma resposta inflamatória muito grave, que pode evoluir posteriormente para uma atrofia.
Conhecida como miosite eosinofílica, essa condição ocorre quando o organismo cria anticorpos que combatem os próprios músculos, afetando as fibras do tipo M2.
Deve-se compreender que a doença pode se manifestar tanto na sua forma aguda quanto crônica.
Durante a fase aguda os sinais são mais brandos e, o que mais se percebe são sinais de dor, maior cansaço e, também pode haver febre.
No entanto, conforme a doença evolui, os músculos começam a perder consideravelmente a força e, uma trofia generalizada começa a se instalar.
Para conseguir amenizar os sinais, geralmente é preciso administrar ao pet corticoides em doses imunossupressoras.
Tipos de miosite em cachorro
Cão triste pois está doente – Foto: Freepik
Não existe apenas um tipo de miosite em cães. A classificação depende do local que foi acometido pela doença.
O mais comum é a miosite dos músculos mastigadores, que acomete os animais de todas as raças e idades.
Apesar disso, percebe-se que os animais de grande porte possuem uma maior tendência de desenvolverem o problema. Ademais, a doença pode se manifestar tanto de maneira aguda quanto crônica.
Existe também a polimiosite, que se dá quando vários músculos do corpo do pet são acometidos, sobretudo os membros.
Independentemente do tipo, a doença se dá de maneira bem parecida e, leva a um quadro bastante incomodo, de dor intensa.
Febre e cansaço está entre os sinais que contribuem para o animal ficar bastante debilitado. A musculatura também tende a inchar bastante por conta do processo inflamatório.
É preciso deixar claro aqui que as miosites do tipo imunomediadas são doenças que surgem por conta da maneira como o organismo reage a células dele mesmo.
Basicamente, as células do sistema imunológico começam a reconhecer o próprio tecido muscular como sendo uma agressão.
Isso leva a uma penetração de células inflamatórias, provocando assim uma intensa perda de funcionalidade e, ocasionando grande debilidade.
Miosite dos músculos mastigadores
Como o próprio nome sugere, a miosite dos músculos mastigadores (ou eosinofílica), é uma doença inflamatória que afeta sobretudo os músculos da face utilizados especificamente na mastigação.
Como já foi dito, a etiologia da doença é autoimune, uma vez que os indivíduos acometidos possuem a presença de anticorpos anti músculos na corrente sanguínea.
É possível observar, mais especificamente, a presença de antígenos nas fibras M2 dos músculos mastigadores.
Esse grupo de músculos é mais específico e, por isso, os anticorpos se ligam exatamente aos músculos mastigadores.
A histologia do musculo de um animal afetado também mostra que a resposta inflamatória leva a infiltração de conteúdo inflamatório.
Dentro desse infiltrado, é possível observar uma grande quantidade de células do tipo eosinófilo. É isso que confere o segundo nome dado a essa doença.
Como já foi dito, existe a forma aguda e a crônica da doença e, os sinais em cada uma variam. No entanto, a maioria dos animais chega até o consultório veterinário porque o tutor simplesmente percebeu uma perda significativa de massa muscular.
O diagnostico nem sempre é simples porque os sinais se confundem com o de outras condições. Por isso, deve-se sempre encaminhar o pet a um especialista em saúde bucal.
Por sorte, quando o diagnóstico é feito corretamente ainda no inicio da evolução da doença, o prognóstico é bom.
A maioria dos animais vai fazer uso de corticoides em doses altas, visando suprimir o sistema imune e, depois é possível diminuir as doses com o tempo.
Poliomiosite nos cães
cachorro com dores Foto: Freepik
A poliomiosite é um tipo de miopatia inflamatória autoimune, que afeta a musculatura, mas de uma maneira muito mais generalizada do que no caso citado antes.
Nesse caso, os músculos das extremidades são os mais afetados e, foi comprovado cientificamente que há uma maior predominância da doença em animais de porte grande.
Também já houve descrição na literatura sobre a relação entre a miosite em cães e as doenças neoplásicas.
Doenças autoimunes, como o lúpus eritematoso sistêmico também pode levar a maiores chances de o pet desenvolver miosite.
Também pode ocorrer um processo para imunitário, ou seja, a relação das doenças com outras, de origem viral.
Em um animal com poliomiosite, é mais comum observar os primeiros sinais quando o animal está praticando atividades físicas.
Os animais afetados pelo problema apresentam uma debilidade muscular, que fica bem mais evidente durante a realização dos diversos movimentos.
Da mesma forma, essa pode ser uma doença aguda ou crônica, manifestando-se de maneira diferentes em cada caso.
De qualquer maneira, com a evolução do quadro o animal pode começar a apresentar paralisia, que tende a se tornar muito preocupante e debilitante.
O tratamento de escolha também é uma terapia imunossupressora, que costuma apresentar resultados significativos nesse caso.
No entanto, existem ainda medicamentos mais fortes que podem ser usados quando necessário.
Quais são as causas da miosite?
Cachorro deitado com indigestão Foto: Freepik
Não se sabe ao certo quais são as causas da miosite em cães, mas existem algumas questões associadas e, que parecem ser bastante relevantes. As principais são:
- Trauma: impactos fortes podem causar vários problemas ao musculo, uma vez que os afetam diretamente, causando inflamações e processos locais de cicatrização;
- Origem autoimune: o problema se inicia a partir do momento em que o próprio corpo do animal reconhece a musculatura como sendo exógena, gerando assim uma inflamação;
- Infecções por bactérias e vírus: geram alterações no sistema de defesa do organismo e, com isso levam ao desencadeamento de uma defesa contra o corpo do pet;
- Atividades físicas em excesso: um animal exposto ao esforço físico excessivo pode desenvolver miosite. O mesmo acontece quando esse esforço é realizado de maneira inadequada e desacompanhada;
- Efeito de determinados medicamentos: existem medicações que levam a um estímulo excessivo ao sistema imune ou, que provocam muitas modificações bioquímicas no organismo. Isso pode causar a miosite em cães.
Miosite em cães – Sinais Clínicos
cachorro no veterinário fazendo exame Foto: Freepik
Existem muitas manifestações clínicas possíveis no caso da miosite em cães e, isso vai depender do tipo de miosite, da área afetada e, do estágio em que a doença se encontra.
De qualquer maneira, se o seu animal estiver com miosite, pode ser que ele apresente os seguintes sinais:
– Enoftalmia
– Exoftalmia
– Cegueira
– Anorexia
– Trismo
– Sinais oculares
– Febre
– Linfadenomegalia
– Tumefação muscular aguda
– Atrofia muscular crônica
Miosite em cães – Diagnóstico
O diagnóstico da miosite não é tão simples assim e, exige uma série de exames. O veterinário deve decidir quais são os mais importantes de se solicitar em cada caso. Mas os principais estão listados a seguir:
-ALT – TGP
-AST – TGO
-Urinálise simples
-Análise imunocitoquímica
-Biópsia muscular
-Radiografia de crânio
-Eletromiografia
-Sonograma orbitário
-Ressonância magnética
-Hemograma completo
Miosite em cães – Tratamento
Cão sendo examinado – Foto: Freepik
Obviamente, o tratamento vai depender do tipo de miosite em cães e, por isso, o diagnóstico deve ser feito muito cuidadosamente, utilizando-se os métodos adequados.
E não basta apenas dar um resultado positivo para esse problema. É necessário também avaliar todos os exames do cão e, assim ter uma ideia clara sobre o seu estado de saúde.
Isso porque é necessário ir muito além dos efeitos provocados nos músculos diretamente, avaliando-se o estado global de saúde do cachorro.
No caso de miosite na região da boca, por exemplo, é fundamental avaliar como está a nutrição do animal.
Muitas vezes o pet deixa de se alimentar adequadamente e, então começa a apresentar um estado de desnutrição.
Inicialmente, isso pode levar apenas a um pouco de fraqueza, mas com o tempo evolui para anemia, ou condições mais graves.
Sendo assim, deve-se tratar isso também e não apenas a miosite diretamente. Dependendo do caso, é necessário passar uma sonda nasogástrica no animal, para que ele se alimente de misturar líquidas ou pastosas.
Dessa forma, o animal continua ingerindo nutrientes, líquidos e calorias de que necessita, pelo menos até que a sua mandíbula esteja melhor.
O tratamento deve ser moldado de acordo com o caso e as condições do animal. Mas independentemente de como ele for realizado, é necessário ter bastante cuidado.
A resposta do organismo deve ser avaliada constantemente, uma vez que os medicamentos são reativamente agressivos.
Na maioria dos casos, o animal consegue se recuperar e, até mesmo a mobilidade pode ser recuperada com o tratamento.
Porém, em casos mais severos e avançados, a miosite em cães pode evoluir para uma fibrose, que afeta diretamente mobilidade.
Mais uma vez, vale salientar a importância de se realizar um diagnóstico precoce e iniciar o tratamento o mais rápido possível.
Cuidados com a alimentação durante o tratamento
A miosite em cães é uma condição bastante debilitante, que costuma afetar em muito os animais, reduzindo a qualidade de vida deles.
Assim como acontece para qualquer tipo de problema de saúde, é possível controlar o quadro mais facilmente se a saúde do animal estiver em dia.
Uma das coisas mais importantes nesse caso é o consumo de alimentos adequados para que o pet possa se recuperar da melhor maneira.
O alimento deve ser completo, equilibrado e, proporcionar elementos que auxiliem na recuperação do pet.
Mesmo os alimentos líquidos e pastosos devem ser muito bem calculados para que a oferta nutricional seja excelente e adequada.
Ainda mais se o cachorro estiver com um quadro de desnutrição, é preciso cuidar bem da alimentação para que ele possa se recuperar.
Nesses casos, especialmente, o médico veterinário pode sugerir uma consulta com outro profissional, especialista em nutrição, que possa te orientar em relação a uma dieta adequada para o estado de saúde, peso e fase de vida do seu pet.
Miosite em cães – Qualidade de vida é o foco
Quando se fala em miosite em cães, deve-se ter uma ideia clara de que esta é uma doença grave.
Além disso, nem sempre o diagnóstico vem imediatamente. E quanto mais ela evolui, mais faz com que o pet fique debilitado.
Sendo assim, existem casos em que a plena recuperação do animal não é possível e, podem restar sequelas.
Independentemente dos resultados após o tratamento, o mais importante é lutar para proporcionar ao cachorro uma boa qualidade de vida.
O mais importante, inicialmente é buscar formas de minimizar as possíveis dores e incômodos do animal.
Além disso, é fundamental garantir a saúde física e mental do pet. E o primeiro passo é pensar um ambiente confortável para ele.
Disponibilize também comedouros, bebedouros e camas de fácil acesso. Brinquedos também são importantes para manter o cão distraído e estimulado mentalmente.
Procure sempre adaptar o espaço às necessidades do animalzinho para que ele possa ter uma vida digna e feliz.
E se possível, sempre leve-o para passear, pois essa é uma maneira de manter a musculatura ativa e afastar o estresse.
Com certeza o cão vai ficar muito mais contente assim.
Conclusão
As miopatias imunomediadas no cão, são doenças que afetam a musculatura esquelética dos animais, deixando-os altamente debilitados.
Não se sabe exatamente o que leva ao desenvolvimento do problema. Mas se tem certeza de que é uma resposta imunológica contra as células do próprio animal.
Por ser uma doença de cunho imunológico, ela afeta bastante a estética do animal, sobretudo no que diz respeito ao volume muscular das áreas afetadas.
Sendo assim, avaliar o estado de saúde do animal e a sua musculatura é essencial. Mas é preciso usar vários exames para um diagnóstico assertivo.
O tratamento também deve ser adequado de acordo com a saúde do animal e, deve ser muito bem acompanhado, para evitar maiores transtornos além dos já causados pela miosite em cães.
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