Além de pensar em escolher o nome e a raça do pet, o tutor deve se preocupar com o temperamento e, o teste de Fisher-Volhard pode ajudar com isso.
Antes de comprar ou adotar um animal, o ideal é que o tutor realize o teste como uma forma de prever o temperamento que o animal terá no futuro.
Sendo assim, sempre que possível, o ideal é realizar o teste para evitar surpresas desagradáveis e problemas por incompatibilidade.
É bastante comum que as pessoas se decepcionem com os pets posteriormente. Muitas vezes o filhote fofo acaba se tornando um adulto agressivo e desobediente.
O teste é necessário levando-se em consideração que todos os animais possuem um temperamento inato e, é este que molda a forma como o animal vai agir ao longo da sua vida.
Se entre os dois primeiros meses de vida o cão reagir mal à presença de pessoas desconhecidas, é bem provável que ele continue reagindo assim sempre, mesmo que seja treinado para não atacar.
Diante disso, existem alguns testes que tentam prever o temperamento dos filhotes, como é o caso do teste de Fisher- Volhard.
O que é o teste de Volhard?
Filhote- Foto: Freepik
O teste de Volhard é uma maneira interessante de se analisar o temperamento de um filhote, contribuindo assim por uma boa escolha pelo criador ou tutor.
Além de ser útil para selecionar o filhote mais adequado para cada família, o teste é ideal para se fazer em ninhadas para a seleção de cães guia.
Animais policiais e de salvamento também são escolhidos desta maneira já há décadas.
É importante que se realize o teste quando o animal tem mais do que 49 dias ou, sete semanas de vida.
É preciso aguardar esse período porque nessa etapa o animal já se encontra neurologicamente bem desenvolvido.
Por outro lado, o ideal é que não se espere muito tempo para a realização, pois com o passar do tempo o cão vai adquirindo novos vícios e hábitos.
Sendo assim, não se deve jamais aplicar o teste se o animal já tiver mais do que 60 dias de vida.
Observações importantes para realização do teste
Um dos pontos mais importantes sobre o teste de Fisher-Volhard é que ele deve sempre ser realizado por uma pessoa que o cãozinho não conhece.
Além disso, deve-se testar um filhote de cada vez, de modo que o ambiente esteja completamente tranquilo e livre de sons e ações que possam distrair o pet.
O local escolhido também deve ser desconhecido para o cãozinho, uma vez que esta é a única maneira de observar como ele reage a situações desconhecidas.
Filhote com lingua pra fora – Foto: Freepik
Além disso, é desaconselhado fazer o teste no mesmo dia da vacina do animal. Ele também deve ser realizado com um pouco de espaço em relação ao momento da refeição.
Uma pessoa deve aplicar o teste enquanto outra anota os resultados, o observador não deve ser alguém que o filhote já conheça e não deve chamar o cão e nem interferir de maneira nenhuma durante o teste.
É preciso ter duas pessoas para a realização do teste, uma vez que enquanto uma aplica, a outra anota os resultados.
Este observador também não deve ser uma pessoa que o cachorro conheça e, deve ficar em silêncio para não atrapalhar a concentração do pet e nem assustá-lo.
Como aplicar o teste passo a passo
O teste de Fisher-Volhard deve ser realizado em ambiente tranquilo, desconhecido do animal e, que tenha pelo menos 4m², com chão de piso não escorregadio.
O observador deve examinar a
Filhote de cachorro – Foto: Freepik
reação do animal e anotar. Mas antes de fazer a anotação é importante confirmar se a sua conclusão está de acordo com a do examinador.
Ao aplicar o teste, é fundamental evitar deixar o animal com medo. Sendo assim, não se deve realizar movimentos bruscos.
Ao falar, faça isso suavemente, assim como quando bater palmas também.
Por fim, tenha em mente que ao fazer a avaliação do animal, é a primeira reação dele que deve ser levada em consideração.
Dito tudo isso, vamos agora falar mais especificamente sobre as etapas do teste de Fisher-Valhard.
1. Chamar- Atração pelas pessoas
Como chamar um cachorro para brincar? (Foto: Reprodução / Google)
A primeira etapa do teste de Fisher-Valhard consiste em verificar como o cão reage a um chamado. Ou seja, como é a sua treinabilidade e sociabilidade.
Nesse caso, o avaliador deve ficar a mais ou menos 1,20m do cachorro. Então, deve bater palmas delicadamente, falar de maneira tranquila e, convidar o animal a se aproximar.
A pontuação deve ser anotada, de acordo com a forma como o animal reage: a) salta e morde a mão do examinador = 1 ponto; b) bate com a pata no examinador, lambe a mão = 2; c) não encosta no examinador = 3. O cão: a) vem logo, sem mostrar ânimo = 4; b) vem hesitante = 5; c) não vem = 6
2. Teste de Fisher-Volhard: Seguir
Pastor de Beauce – Foto: Freepik
Esta segunda etapa vai indicar a forma como o animal rege diante dos seus humanos, o quanto ele é independente e, se pode ser treinado adequadamente.
Nesse caso, você deve se levantar e falar com o animal, chamando-o ao mesmo tempo em que bate palmas.
Analise a reação do animal e marque a pontuação de acordo com o seguinte: a) coloca-se entre os pés do examinador e o morde, atrapalhando a caminhada = 1 ponto; b) coloca-se entre os pés do examinador = 2; c) não se coloca entre os pés do examinador nem encosta nele = 3. O cão: a) segue logo, mostrando submissão = 4; b) segue hesitante = 5; c) não segue ou se afasta = 6.
3. Controle sob domínio físico
Dormindo com a barriga pra cima. (Foto: Reprodução / Vetstreet)
Esta é a etapa do teste de Fisher-Valhard que indica o quanto um animal pode ser submisso. Essa é uma forma de avaliar se o pet pode ser facilmente treinado.
O aplicador deve ficar agachado e, então precisa se virar o filhote de costas bem cuidadosamente.
Deve-se então pressionar o peito do animal por mais ou menos 30 segundos, estabelecendo contato visual, mas sem conversar com o pet.
Nessa etapa, a contagem de pontos fica da seguinte forma: a) o cão se debate muito e morde = 1 ponto; b) debate-se muito = 2; c) debate-se e aceita, sem evitar contato visual com o examinador = 3; d) debate-se pouco e aceita = 4; e) não se debate = 5; f) não se debate e se esforça para evitar contato visual = 6.
4. Teste de Fisher-Volhard: Acariciar
Tutor acariciando seu cão na cabeça – Foto: Freepik
Esta etapa do teste é fundamental para analisar o quando o animal é independente, aceita a proximidade das pessoas e, pode ser treinado.
Esta etapa deve acontecer logo após a anterior. Então, pode-se deixar o animal ficar em pé ou se sentar.
O avaliador deve se agachar calmamente ao lado do pet e, então acariciar ele desde a cabeça até a ponta da cauda.
Para anotar os pontos nesse caso, deve-se considerar o seguinte: a) pula, bate com as patas, morde, rosna = 1 ponto; b) pula, bate com as patas = 2; c) receptivo, roça no examinador e tenta lamber seu rosto = 3; d) muito receptivo, lambe a mão do examinador = 4; e) rola no chão e lambe a mão = 5; f) afasta-se = 6.
5. Elevação
Este é o teste que vai mostrar como o animalzinho se comporta em uma situação de risco e, pode dar uma boa ideia sobre os sentimentos de medo e dominância.
Para executar esta etapa, o avaliador deve permanecer agachado e, então pegar o cãozinho com as mãos e levantá-lo a uns 30 centímetros acima do peso por um período de mais ou menos 30 segundos.
O mais normal é que o cão se debata porque está com medo. Mas então é preciso observar se: a) morde = 1 ponto; b) não morde = 2; c) aceita, debate-se, aceita, seguidamente = 3. O cão não se debate e fica: a) relaxado = 4; b) tenso = 5; c) paralisado = 6.
6. Comando buscar mostra a vontade de agradar ao tutor
Esta sexta etapa do teste de Fisher-Valhard, é possível analisar como o animal reage quando tem que ir buscar um objeto.
Esta é uma forma interessante de avaliar como o animal interage com os humanos, qual é o grau de obediência dele e, qual é o nível de treinabilidade.
Para executar este teste, o avaliador deve estar agachado e ter uma bolinha de papel em mãos. Basta lançar a mais ou menos um metro do cachorro, dizendo para que ele busque.
No que diz respeito aos pontos marcados, observe se: a) o cão pega o papel e se afasta = 1 ponto; b) pega, não traz e não se afasta = 2; c) pega e traz = 3; d) vai até o papel e volta sem ele = 4; e) começa a ir ao papel mas perde o interesse = 5; f) não vai ao papel = 6.
7. Teste de Fisher-Valhard: Teste de Pressão na pata
Pata do cachorro – Foto: Freepik
A sétima etapa do teste de Fisher-Valhard indica o quanto um animal pode ser sensível à dor. Para realizar esta etapa, geralmente se usa uma patinha do animal.
Caso ele não permita toque na região, pode-se fazer o teste com uma das orelhas. Ainda agachado, deve-se segurar a área com os dedos indicador e polegar.
Deve-se aumentar a pressão ao mesmo tempo em que se conta até 10 ou 12. Se o animal reagir antes, é preciso parar.
Para marcar a pontuação, deve-se considerar o quanto o animal demorou para reagir ao toque, da seguinte maneira: a) de 8 a 10 = 1 ponto; b) 6 a 8 = 2 pontos; c) 5 ou 6 = 3 pontos; d) 3 a 5 = 4 pontos, e) 2 a 3 = 5 pontos; f) 1 ou 2 = 6 pontos.
Teste de Fisher-Volhard: 8. Reação ao barulho
Este teste indica o quanto do cão é sensível aos sons e, o quanto é medroso. Nesse caso, o avaliador deve colocar o cão no centro de uma sala e observar ele com atenção.
O observador vai pegar uma colher e uma panela de metal e, bater uma contra a outra apenas uma vez.
Avalie a reação do animal quando ouve o som: a) vai excitado até a origem = 1 ponto; b) vai até a origem, sem excitação = 2; c) não vai, mas mostra curiosidade = 3; d) não vai e não mostra curiosidade = 4; e) encolhe-se, afasta-se e esconde-se = 5. O cão ignora o som = 6.
9. Teste de Volhard: Perseguir
Esta etapa visa analisar a sensibilidade visual do animal e, a forma como reage quando instigado a perseguir pessoas e animais.
Para isso, deve-se pegar uma toalha e prender a uma corda. Jogue-a na frente do cão e comece a puxar, analisando a reação.
Marque a pontuação de acordo com: a) o cão ataca e morde = 1 ponto; b) pega a toalha sem atacar = 2; c) investiga com interesse = 3; d) olha curioso mas não investiga = 4; e) foge ou se esconde = 5. f) ignora = 6.
Teste de Fisher-Volhard: 10. Reação ao inesperado
A ultima etapa do teste de Fisher Volhard tem como objetivo avaliar a maneira como o animal age a uma situação inesperada.
Ou seja, deve-se analisar o equilíbrio e estabilidade do pet. A uma distância de um metro e meio do animal, deve-se abrir um guarda chuva e, então colocar ele no chão para que o cão analise.
Marque os pontos de acordo com a reação: a) avança e morde = 1 ponto; b) aproxima-se e abocanha sem morder = 2; c) aproxima-se, investiga e não abocanha = 3; d) fica parado e olha = 4; e) afasta-se e esconde-se = 5; f) ignora = 6.
Interpretando o teste de Fisher-Volhard
A pontuação agora deve ser analisada, sendo que um cão pode obter uma pontuação bem padronizada ou bem diversa. Veja o que cada uma indica:
- Prevalência de 1: animal dominante e difícil de controlar. Precisa de tutores experientes e treino constante;
- 2 pontos: cão dominante, que pode morder. Precisa de treinos, horários rígidos e muito exercício físico;
- 3 pontos: animal que lida bem com outros animais e com pessoas. Mas tem energia e precisa de treino e atividade física;
- 4 pontos: cão de companhia, que convive bem com tutores inexperientes. É tranquilo e treinável;
- 5 pontos: excesso de submissão e medo. É preciso ter cuidado para lidar com o animal;
- 6 pontos: animal independente, que não se apega facilmente;
- Pontuação irregular: animal instável.
O Teste de Fisher- Volhard é uma excelente ferramenta que ajuda na escolha dos animais que se adaptam melhor a diferentes perfis de famílias.
O post O que é o teste de Fisher-Volhard? apareceu primeiro em Portal do Dog - Para quem ama cachorros!.
Autor
Ler mais
