Com muita satisfação que trazemos aos leitores do Portal do Dog um papo super bacana que tivemos com Roberto Feuerwerker, proprietário da Flying Pet, empresa que presta assessoria na preparação e na documentação de cães e gatos que estão viajando para o exterior.
Fizemos questão de apresentar a Flying Pet, primeiro porque é sempre bom passar para frente e avisar ao público quando se sabe de uma empresa que se destaca e faz a diferença no mercado, segundo pois foram eles que fizeram um trabalho impecável na preparação dos meus dois cães na viagem Brasil – Inglaterra.
Se engana quem pensa que a assessoria fica apenas no âmbito da documentação e dos exames (que sozinhos já são grande parte do processo). Há um lado inesperado nessa equação que também precisa de muitos cuidados: O emocional do tutor. Depois que os pets chegam e quando podemos parar e pensar, é possível ver que o serviço vai muito além, afinal, são os nossos filhos caninos e felinos que estão viajando.
Como contei em outras matérias, já contratei uma assessoria que não foi positiva e só me trouxe dor de cabeça e problemas, então faço questão de contar sobre a Flying Pet e o trabalho 5 estrelas que eles nos proporcionaram.
O Roberto Feuerwerker foi peça essencial na preparação da viagem dos meus cachorros e é muito bom poder compartilhar com vocês um pouco sobre a nossa conversa exclusiva para o Portal.
Abaixo você vai poder tirar as dúvidas sobre como funciona uma assessoria para viagens internacionais, os mitos que amedrontam os tutores na hora de embarcar e os destinos mais procurados atualmente por famílias saindo do Brasil.
Para quem deseja conhecer mais sobre a Flying Pet, não deixe de conferir o site oficial da empresa AQUI. As fotos dos peludos em seus destinos e muitas outras você encontra no facebook AQUI.
PdD) Como surgiu a ideia de trabalhar com assessoria de transporte de animais e como essa ideia se transformou na Flying Pet?
A ideia surgiu através da observação de situações que vinham acontecendo na área de clínica veterinária, porque as pessoas pediam informações e a gente não tinha como passá-las de maneira adequada. Normalmente, os veterinários clínicos são mais focados no dia a dia da profissão, como atendimento clínico e cirurgia, então essa parte sanitária, exigências de cada país de destino, como preparar, os protocolos de preparo, de que maneira fazer isso adequadamente, era uma lacuna. Mesmo que já houvessem outras empresas trabalhando com isso, essa preocupação de inovar e realmente oferecer algo de qualidade surgiu da minha esposa, Tatiana Feuerwerker, que há mais 25 anos se dedica ao atendimento e bem estar dos peludos e nos últimos 5 anos já preparou protocolos de centenas de animais para os 5 continentes.
Sou veterinário, porém toda a assessoria técnica é responsabilidade dela, meu braço direito, e grande estimuladora do projeto “Flying Pet – Assessoria de Viagem Pet Internacional”.
PdD) Quais serviços são oferecidos pela Flying Pet?
Eu vou chamar o que eu considero um pacote de serviços, pois não oferecemos serviços individualmente. Nós partimos do princípio que cada caso é um caso, você quando nos procurou tinha uma necessidade, estava em um determinado local, você tinha um determinado número de pets, os animais que viajam não são iguais, mesmo tendo ou não uma raça específica, eles têm uma idade diferente, necessidades diferentes, alguns têm problemas crônicos de saúde que precisam ser levados em consideração, enfim, você nunca vai achar um caso idêntico e nunca dois casos devem ser tratados da mesma forma, é assim que é a nossa filosofia.
Primeiro existe um contato com o tutor, que eu chamo até de anamnese, igual a quando você leva o animal ao veterinário. Nesse estágio descobrimos a idade do pet, a raça, se tem algum problema prévio, se está com as vacinas em dia, quando tomou as últimas vacinas, se tem microchip, etc, e aí a gente já vai abrangendo para onde o pet será transportado e de que maneira o tutor deseja levar para poder então identificar todas as necessidades.
Com base nas observações que vamos anotando nesse primeiro momento nós criamos um pacote personalizado.
É importante salientar que nós temos algo a mais que ainda não identifiquei em nenhum dos concorrentes, que é uma visão clínica do processo muito fundamentada, pois todos que trabalham aqui são veterinários.
PdD) Por que contratar uma assessoria para viagens de pet?
Primeiro, se o tutor não tem conhecimento do que vai precisar fazer e existem pessoas que acumulam conhecimento ao longo do tempo, o processo será sem dúvida bem mais fácil de ser resolvido com o auxílio dessas pessoas. O tutor pode até conseguir, mas ou a trancos e barrancos ou correndo o risco de dar algum problema e não conseguir finalizar o processo. Pode acontecer também de começar algo errado e perder tempo e dinheiro tendo que refazer o que fez.
Eu imagino que muitos dos meus clientes não têm o tempo para se dedicar a isso. Por exemplo, um tutor que trabalha o dia inteiro não vai poder parar o que está fazendo, ele está em um processo de mudança para um outro país, às vezes com famílias, filhos, e ele tem tanta coisa para administrar que eu acredito que da mesma maneira que se contrata uma transportadora internacional que vai fazer a logísitica de seus objetos, a pessoa pode pensar da mesma maneira em relação aos pets. Como pets não são móveis, são seres vivos e precisam de um cuidado extra, não é algo que você embala e despacha tranquilamente.
Há também o fato de que todo mundo que pensa em viajar e escreve no Google termos-chaves como “viagem+ pets + cão + gato”, recebe uma cachoeira de informação em uma quantidade absurda. Nesse conteúdo, você vai ter informação correta, incorreta, experiências boas e péssimas. No caso dos sites dos próprios países, as normas estão até claras, mas muitas vezes o usuário que as lê tem dificuldade de interpretá-las, por elas estarem mal explicadas para a pessoa que não está acostumada a lidar com isso.
PdD)Qual a maior dificuldade que tutores enfrentam na hora de planejar uma viagem com o pet, seja nacionalmente ou internacionalmente?
A maior dificuldade é se adaptar a uma exigência preestabelecida. Muitas pessoas passam um tempo considerável criticando ou tentando entender algo que vai ser difícil para o grau de conhecimento dela nessa área. Vou dar um exemplo, países como Reino Unido, Irlanda e Emirados Árabes exigem que o pet chegue como carga viva manifestada. Essas pessoas não aceitam e muitas vezes querem lutar contra isso.
Outra questão é que existe em um contato inicial o prazo para a pessoa criar uma confiança na gente. Como aconteceu conosco, na maioria dos casos eu nem chego a ter contato físico com o tutor, é muito por telefone e email. Os procedimentos em toda Grande São Paulo e cidades da região são executados, na maioria das vezes, pela Dra. Tatiana ou sob sua supervisão direta. Eu estou mais na parte gerencial e acompanhando cada caso de uma maneira mais ampla. A gente tem aquele período de latência que a pessoa fica com o pé atrás, e eu aceito isso, eu também ajo dessa maneira quando eu tenho que pagar um serviço e contratar sem conhecer pessoalmente. Por isso que contamos com um contrato para que a pessoa entenda que ela tem um instrumento de segurança.
PdD) Quais são os mitos que mais atrapalham e amedrontam tutores que precisam transportar seus cães?
Mitos são vários e é muito difícil de conseguir alterar esse tipo de concepção.
O mito clássico: “Se o meu cão ou gato for em um compartimento de carga ele vai morrer”. Esse é muito forte e não adianta dizer que nós temos centenas de transportes em compartimento de carga, todos com êxito.
Dentro desse mito, existem pessoas que questionam se o animal não vai congelar, se o animal consegue ir em uma compartimento de carga despressurizado junto com as malas, se as malas não vão cair em cima da caixa, etc.
Detalhe, a responsabilidade não é nossa, a partir do momento que a gente entrega nas mãos de uma companhia aérea, eles cobram muito bem e têm toda a obrigação de saber zelar para que não ocorra nenhum acidente.
O que fortalece o mito é o péssimo serviço que as companhias aéreas dão nas rotas domésticas. Realmente o transporte de pets no Brasil como bagagem despachada via check in é péssimo e está cheio de problemas que todos acompanham na internet.
PdD) Quais dicas você daria para os leitores que precisam viajar com seus cães pela primeira vez de avião?
Contratar uma assistência profissional. Há pessoas que fazem o processo sozinhas e conseguem? Claro, essas pessoas têm um perfil mais independente e são mais seguras por acreditarem que podem fazer, apesar dos trancos e barrancos.
As perguntas que as pessoas devem se fazer antes de começar são: “Tenho as informações corretas?”, “Tenho tempo disponível para planejar a viagem do meu pet enquanto mudo de país?” e “Será que não seria melhor dispor de um valor, contratar alguém e poder mudar a página e cuidar de outras coisas e saber que o transporte do meu pet está em boas mãos?”.
Não é obrigatório contratar uma assistência, mas a pessoa tem que se fazer essas perguntas e se a resposta for sim para todas, então ela não precisará de nós.
PdD) O que os tutores precisam saber no início do planejamento de uma viagem dentro do território nacional (Brasil)?
A viagem no Brasil ainda é uma lacuna nossa porque nós não nos dedicamos a isso. Nos casos de outros estados que vão embarcar como carga para então sair do país via Guarulhos, que é o único aeroporto que temos base de atuação, essas pessoas precisam ou trazer até nós o pet ou embarcá-lo como carga desacompanhada em uma empresa como a TAM Cargo para podermos pegá-los aqui em São Paulo.
Falando especificamente da TAM cargo, dentre as opções disponíveis é a que a gente indica para todo mundo e que funciona melhor, até hoje os pets que chegaram para a gente retirar chegaram bem. Problemas na parte doméstica não estão na contratação como carga viva, estão em embarcá-los pelo check-in pelo compartimento de carga, que é o que a gente chama de AVIH.
Os acidentes que estão acontecendo na parte doméstica não são quando alguém envia como carga viva no doméstico, é quando eles vão via check-in para o porão de cargas.
O que ocorre é o mal preparo dos funcionários para lidar com animais, já que quem cuida na carga é um e quem cuida na parte do doméstico e com passageiros é outro. Quem lida com passageiro está acostumado a pegar mala, jogar de um canto para o outro. Já no setor do terminal de cargas tem mais experiência e preparo.
Nós usamos até a própria TAM em vôos internacionais, como bagagem desacompanhada carga viva principalmente para os Estados Unidos.
PdD) Como os tutores podem se preparar para uma viagem internacional com seus cães e quais dicas você daria para que o processo seja o mais tranquilo possível?
O preparo tem que ser feito com prazo prévio suficiente para que tudo possa ser providenciado sem correria. Ele precisa se inteirar de quanto tempo leva o preparo completo. Essa é uma das primeiras coisas que a gente alerta a pessoa. Não adianta nada chegar uma semana antes com o cachorro ou gato sem nem ter uma caixa de transporte. É preciso dar tempo ao tempo para que os animais se acostumem a estar presos, e dá para acostumar. Fazer isso com bastante antecedência, não precisa se preocupar em não ter uma data exata de viagem porque o preparo de um pet não depende de ter esse dado, o que se deve ter é uma previsão da época do ano que se vai viajar. Destinos que exigem um preparo sanitário mais prolongado, Europa de modo geral, levam pelo menos 4 meses.
Viagens que precisam de um preparo mais curto, vamos pegar como exemplo Estados Unidos e Canadá, não adianta uma semana antes sair correndo e comprar uma caixa de transporte ou bolsa e querer que o pet viaje bem.
Se ele for na cabine e não estiver acostumado vai latir a viagem inteira e é capaz de antes de decolar mandarem tirá-lo; se for no compartimento de carga, vai acontecer a pior coisa que tem, ele vai se debater dentro para fugir e pode chegar com o dente quebrado de tanto tentar morder a porta ou com lesões no corpo de se jogar de um lado para o outro, desesperado para fugir.
Tem que ter noção que a viagem é um estresse, é uma coisa que por mais que prepare eles vão passar por algo totalmente inusitado. É obrigação que o tutor saiba que ele tem que diminuir esse estresse o máximo possível.
PdD) Quais são os países mais difíceis de transportar animais de estimação?
No topo da lista você tem Austrália que nem aceita pets preparados no Brasil, tem que fazer isso através de um terceiro país autorizado. Eu não vou fazer esse tipo de manobra enquanto eles baterem o pé dessa maneira, uma vez que a gente não tem como acompanhar o preparo devidamente.
A África do Sul pede uma quantidade absurda de exames, é uma complicação muito grande.
Japão a gente faz, apesar de ter problemas de exames que têm que ser feitos no exterior. Há um mês foram barrados os soros que mandamos, pois o Ministério da Agricultura resolveu pedir documentação extra, o que nos fez perder os soros. Enfim, são os bastidores que as pessoas não têm nem noção e do grau de dificuldade.
PdD) Qual o destino internacional mais comum para a Flying Pet?
Depende do que está acontecendo. Concorda que para um pet viajar é necessário que um tutor viaje? Não é o pet que escolhe o destino. Isso acompanha na grande maioria a mudança de brasileiros para o exterior e a onda migratória. O nosso trabalho é mudança e não turismo. Eu posso dizer o que está acontecendo de um ano para cá. Hoje você tem um grande volume de brasileiros, principalmente em faixa jovem, com formação universitária, se mudando para o Reino Unido, Irlanda, Estados Unidos e Canadá. Hoje a gente atende muito pessoas indo para esses destinos.
PdD)Por que as regras e o processo de levar cachorros para o exterior variam de cada país e são tão importantes para a população como um todo?
Para entender isso e aceitar é preciso ter uma base de epidemiologia. Tem que entender como que as zoonoses devem ser combatidas. A grande preocupação desses países não é com as doenças que afetam só os animais, mas com as zoonoses. Dentre as zoonoses, a que está no topo da lista é a raiva, que é transmitida do cão, do gato e de outros animais para o humano e é fatal. Então nada mais normal que países que têm a raiva erradicada há décadas não quererem nunca mais nem cogitar a possibilidade da doença entrar. Um cão ou um gato podem trazer essa possibilidade de volta para um país que é livre.
Um país que está livre de uma zoonose importante tem todo o interesse que ela nunca mais aconteça, e eles vão exigir cada vez mais para que essa possibilidade seja praticamente nula quando um cão ou gato chegar.
O grande problema é que esses cães e gatos que a gente cuida saem de regiões que ainda têm essas zoonoses de maneira bastante elevadas. Bastou dizer que o cão ou gato está saindo do Brasil para que essas exigências sejam mais duras.
PdD) Vocês trabalham não só com assessoria de viagens pet, mas com as emoções dos tutores (eu sei muito bem disso). Qual seria um momento que marcou a equipe, foi gratificante e ficou na memória?
O momento mais emocionante que existe é o agradecimento depois que o pet chega no destino. Isso para a gente vale o máximo, não tem nada que substitua. A pessoa chegar a conclusão que valeu a pena e que tudo correu como queria. Nós temos casos de clientes que nos deixam muitos emocionados. Há uma senhora, deve ter 85 anos de idade, que nós ajudamos a levar o seu cão para os Estados Unidos e todos os anos ela nos liga algumas vezes para perguntar como estamos, para dizer que o cachorro está ótimo, que nunca irá esquecer o que fizemos e que graças a nós ela pôde viajar tranquila e o pet chegou super bem na melhor opção de vôo.
Apesar de ser um serviço, como outro que é contratado e que implica em pagamento, o lado emocional em geral é forte para as pessoas como nós que lidam com esse setor e que não estão nisso só porque querem ganhar dinheiro, mas por gostarem mesmo de animais. Geralmente quem trabalha com isso teve um animal ao lado desde que nasceu e continua assim a vida inteira. Do mesmo jeito que você tem um carinho pelos seus, eu por exemplo tenho um álbum só de animais que eu tive desde que eu nasci.
Uma pessoa que tem esse tipo de visão, já está mais que meio caminho andado para ajudar os outros nessas situações.