A tireoide é uma glândula pequena, que se localiza na região do pescoço dos cães e, que produz hormônios que são fundamentais para o funcionamento do metabolismo.
Quando essa glândula deixa de funcionar adequadamente, o animal desenvolve hipotireoidismo, o que compromete profundamente o bem estar do cão.
Assim como acontece com os seres humanos, o hipotireoidismo é bem comum nos cachorros. E quando há baixa na produção hormonal, surge uma doença autoimune.
Infelizmente, o diagnóstico nem sempre é tão simples e o tratamento deve ser constante. Para saber como identificar os sinais de hipotireoidismo em cães e descobrir mais sobre esse problema, continue lendo esse post.
O que é o hipotireoidismo?
Dentro da medicina veterinária, o hipotireoidismo em cães não é visto como uma condição muito grave, mas os profissionais geralmente concordam que o diagnóstico geralmente é complicado.
Esse problema endócrino é muito comum, seja nos cães ou nos gatos. Mas geralmente a evolução é lenta.
Ademais, os sinais clínicos são difíceis de se identificar adequadamente, uma vez que são bem semelhantes ao que acontece em diversas outras patologias.
É comum que aconteçam diagnósticos falso positivos, o que dificulta ainda mais o tratamento nas diferentes ocasiões.
Mas falando sobre a definição, antes de mais nada, o hipotireoidismo em cães é um problema endócrino.
Ou seja, uma falha na produção de hormônios, o que leva a vários outros problemas relacionados.
Os hormônios, por sua vez, nada mais são que compostos químicos que regulam o funcionamento de diversas atividades metabólicas no organismo.
No caso do hipotireoidismo, especificamente, ocorre uma queda na produção hormonal na tireoide, uma glândula situada na região do pescoço.
Esses hormônios são fundamentais para a regulação do nível de atividade do animal. Por isso, na falta dessas substâncias o animal fica sonolento e parece estra sempre mais cansado do que o normal.
Além disso, existem outras manifestações importantes que devem ser levados em consideração quando há suspeita de hipotireoidismo.
Entenda as principais diferenças da doença em humanos e cães
O hipotireoidismo acontece nos humanos e também em outras espécies, como nos cães. Mas existem algumas diferenças bem importantes que se deve considerar.
Veja quais são elas:
Variações nos exames de humanos e animais
Existem diferenças muito importantes relacionadas às dosagens hormonais em humanos e em animais.
É preciso ter um cuidado especial em relação a isso, uma vez que a maioria dos kits é elaborada com base em anticorpos humanos.
Sendo assim, deve-se conhecer em detalhes a doença e os níveis hormonais para humanos e animais, de modo a se evitar possíveis erros de diagnóstico.
Diferenças no tratamento do hipotireoidismo em cães e humanos
Quando há sinais de hipotireoidismo em cães e em humanos, é muito importante fazer o diagnóstico precoce de modo a se iniciar o tratamento o mais rápido quanto for possível.
A única forma de tratar o problema atualmente é fazendo a reposição vitalícia dos hormônios. Além disso, pode-se associar uma dieta que contribua para o aproveitamento hormonal.
Inclusive, os hormônios usados na reposição nesse caso são os mesmos usados na terapia em humanos.
Entenda que existem classificações do hipotireoidismo
Antes mesmo de falar sobre como identificar os sinais de hipotireoidismo em cães, é fundamental compreender que existem três classificações diferentes para o problema. São elas:
Hipotireoidismo primário em cães
Esse é o tipo mais frequente que se observa na clínica médica de pequenos animais e, surge a partir da atrofia da glândula tireoide.
Essa condição é conhecida também como tireoidite linfocítica.
Hipotireoidismo secundário
Essa é uma forma bem menos comum da doença, na qual ocorre a destruição ou degradação da hipófise.
Com isso, há uma queda na produção de TSH, que é fundamental para o equilíbrio na produção do hormônio da tireoide.
Hipotireoidismo congênito
Esse é um tipo de hipotireoidismo em cães que praticamente não se vê no dia a dia da clínica. De qualquer maneira, a causa principal é a baixa quantidade de iodo no organismo.
Aprenda a identificar os sinais de hipotireoidismo em cães
Identificar os sinais de hipotireoidismo em cães é fundamental para ajudar animais que tenham o problema a se recuperar.
A coisa mais importante a se dizer aqui é que quando a atividade da tireoide diminui, há uma queda na produção de tiroxina.
Como existem diversos processos metabólicos que dependem desse hormônio, há uma série de maneiras diferentes por meio das quais o hipotireoidismo pode se manifestar.
Inclusive isso varia de um animal para outro e depende do estado físico, idade e, até mesmo da personalidade do animal.
O mais comum é que se observe uma grande falta de energia, um excesso de sonecas e perda de interesse por atividades que antes pareciam divertidas e empolgantes.
Por outro lado, esses sinais também podem ser percebidos em outras situações. Sendo assim, é difícil detectar o hipotireoidismo em cães logo de primeira.
Como esse é um problema metabólico interno é preciso que o tutor esteja sempre bem atento às manifestações mais comuns. São elas:
- Cão começa a engordar sem que haja aumento da ingesta de calorias;
- A pele perde a cor e se torna mais espessa;
- O animal parece não suportar bem temperaturas mais baixas;
- Orelhas e pele passam a sofrer com infecções com alta frequência;
- Os pelos se tornam opacos, secos e bem mais frágeis. A pele, por sua vez parece mais fina e sensível;
- O cão se mostra apático ou depressivo;
- Queda de pelo em excesso e dificuldade de reposição da pelagem aparada;
- Diminuição dos batimentos cardíacos;
- Pele seca, que pode provocar prurido (coceira);
- Mudanças comportamentais, que incluem excesso de agressividade, ansiedade, compulsão, convulsões e lateralização da cabeça.
Pelo que se percebe no dia a dia da clínica, as mudanças comportamentais são muito importantes no caso do hipotireoidismo em cães.
Mas geralmente observam-se vários desses sinais nos animais acometidos pelo problema, mesmo que eles sejam muito sutis.
Em animais bem nutridos, que tenham uma dieta devidamente equilibrada e controlada, os sinais da doença se tornam muito mais sutis.
Sobretudo nesses casos, as alterações comportamentais se tornam indicadores ainda mais importantes.
Diagnóstico tardio
Infelizmente, os sinais clínicos do hipotireoidismo em cães são muito sutis e costumam surgir apenas quando o animal já está em um estágio bem avançado da doença.
Na maioria dos cães os sinais mais claros vão surgir quando já existe mais do que 70% da glândula totalmente prejudicada.
Em partes isso acontece porque os sinais não são tão claros e, cada animal pode manifestá-los de maneira diferente.
Sendo assim, se você perceber mudanças na atividade do seu cãozinho e na personalidade dele, leve-o a um veterinário para um check-up completo.
Pelo menos uma vez por ano você deve levar o seu animal para uma consulta de rotina, que tem como objetivo justamente fazer alguns exames para tentar diagnosticar precocemente alguns problemas, inclusive o hipotireoidismo em cães.
Diagnóstico e tratamento
Depois de o veterinário analisar os sinais clínicos e colher os relatos do tutor sobre as mudanças comportamentais e de rotina do animal, é preciso fazer uma triagem.
Existem exames de sangue que são obrigatórios para se tentar fechar um diagnóstico adequado para o problema que o animal possa apresentar.
Os exames mais importantes que o profissional deve solicitar são: hemograma, colesterol total, triglicerídeos totais, fosfatase alcalina, glicose e os hormônios TSH e T4.
Se for possível, é bastante interessante analisar também a função renal e a função hepática porque isso pode dizer muito sobre o estado geral de saúde do animal.
Por fim, caso o profissional julgue importante e necessário, pode solicitar uma ultrassonografia da região cervical ventral, com o intuito de avaliar as dimensões e a morfologia da glândula tireoide.
É muito importante que o profissional não busque apenas as alterações primárias ocasionadas pelo hipotireoidismo em cães, mas que também busque por problemas secundários.
Os principais que se pode citar são: hipotireoidismo, dislipidemia, anemia e elevação dos valores de fosfatase alcalina.
Hiperadrenocorticismo
Um dos maiores problemas na clínica consiste na dificuldade de se diferenciar adequadamente os casos de hipotireoidismo com o hiperadrenocorticismo.
Também conhecido como Síndrome de Cushing, esse problema afeta muitos animais e provoca sinais conhecidos.
Entretanto, nesse caso ocorre também a elevação nas quantidades de cortisol no organismo, um hormônio sintetizado pelo córtex da adrenal.
Normalmente, o cortisol é um hormônio envolvido no controle do estresse, mas quando há um desequilíbrio na sua produção, o organismo começa a sofrer com vários problemas relacionados.
Nesse caso, é mais comum que o paciente se torne mais estressado e agitado e, que haja um aumento considerável no apetite.
Além disso, há um abaulamento típico da região abdominal e, a pele tende a se tornar bem mais delgada e oleosa.
Quando houver a presença desses sinais típicos da síndrome de Cushing, deve-se primeiro fazer essa investigação, para somente depois considerar a possibilidade do hipotireoidismo.
Tem como prevenir o hipotireoidismo em cães?
Infelizmente, o hipotireoidismo é um problema endócrino decorrente de problemas de mau funcionamento da glândula tireoide.
Sendo assim, não existe uma maneira específica de se evitar a manifestação do problema. Afinal de contas, não tem como controlar e evitar esse tipo de anormalidade metabólica.
Ademais, não há nenhuma maneira de se prever problemas futuros que possam ocorrer com a glândula tireoide.
Ou seja, você precisa mesmo ficar de olho no aparecimento dos sinais típicos da doença. Lembre-se de que o diagnóstico precoce é a chave para o tratamento da doença.
É extremante importante realizar exames preventivos frequentes, pois assim, caso o problema apreça, é possível detectar e iniciar o tratamento logo.
É ainda mais importante ter esse tipo de cuidado com cães mais velhos, uma vez que com o passar do tempo as chances de mau funcionamento de glândulas e órgão se torna mais provável.
Principais causas do hipotireoidismo em cães
Assim como foi dito, não existe uma maneira de prevenir o hipotireoidismo em cães, uma vez que a doença é de origem hormonal.
Não há nada que você possa fazer para evitar e, caso o seu cão desenvolva a doença, você não terá nenhum tipo de culpa por isso.
Na maioria das vezes o problema hormonal surge devido a problemas congênitos, ou seja, está relacionado com a própria genética do cão.
E é justamente que a frequência de indivíduos acometidos pelo problema é maior em algumas raças em relação a outras.
Indivíduos do sexo feminino e masculino sofrem com o problema na mesma frequência. No entanto, se observa que as fêmeas castradas desenvolvem mais o hipotireoidismo em relação às não castradas.
Mas você deve conhecer algumas das principais raças que possuem predisposição genética para o surgimento do problema. São elas:
- Airedale Terrier;
- Irish Setter;
- Cocker;
- Boxer;
- Beagle;
- Labrador;
- Golden Retriever;
- Pincher;
- Schnauzer;
- Dachshound.
Além das questões relacionadas à genética dos indivíduos, câncer e doenças autoimunes podem facilitar o surgimento do hipotireoidismo em cães.
Hipotireoidismo em cães filhotes
O hipotireoidismo em cães filhotes é conhecido também como cretinismo e, é uma condição pouco comum.
Nesse caso os sinais se tornam bem mais evidentes, uma vez que o animal apresenta um atraso significativo no seu desenvolvimento físico e mental.
É comum ver filhotes que apresentam sinais típicos como a cabeça maior do que o padrão, além de língua mais longa e espessa do que deveria ser.
Frequentemente os animais acometidos pelo cretinismo nascem maiores e são maiores do que os seus irmãos durante as primeiras semanas.
Mas depois de 3 a 8 semanas em média, eles param de crescer. Inclusive, os cachorros que possuem manifestação grave da doença geralmente morrem durante as primeiras semanas de vida.
Conclusão
O hipotireoidismo em cães é uma condição bastante comum, que apesar de não ser tão grave, requer tratamento ao longo de toda a vida.
Por isso, é fundamental que se faça o diagnóstico adequado do problema, por meio de uma consulta com um médico veterinário que peça todos os exames necessários.
Dessa forma é possível iniciar o tratamento adequado, proporcionando assim uma boa qualidade de vida ao animal.