Das pinturas rupestres a Lucian Freud, retratar animais é uma tradição na pintura ocidental. Grandes artistas buscaram inspiração nos animais, retratando épocas de perigos, simbologia e amizade em relação a eles. A especialização no campo da pintura e ilustração atraiu artistas interessados no assunto, e adjetivos próprios os denominam a partir de 1900 como “Wildlife Artists” (Artistas de vida selvagem, tradução livre). O cão e outros animais passam a ser protagonistas na pintura com intensidade crescente. A animação, no século XX, traz a gigantesca difusão dos personagens inspirados em cães e, na arte figurativa contemporânea e Belas-Artes, a tradição de “Wildlife Painting” (Pinturas da vida selvagem, tradução livre) prossegue.
Na história da arte, Albert Dührer é um exemplo de um grande artista que se ocupa do tema dos animais. Suas imagens de cães guardam enorme simbologia, para além da importância do cão como auxiliar na caça e como companheiro durante a Idade Média. Em sua imagem do Apocalipse, por exemplo, bem como em outras obras, o Cão D´Água português é como um mensageiro, função que realizava durante as navegações ao nadar de um barco a outro.
O cão favorito da Rainha Vitória, Eos, foi retratado no século XIX por um grande artista de cães e animais, Sir Edwin Henry Landseer (1802-1873). Na pintura desse magnífico Greyhound, já temos um retrato, propriamente dito, de um cão específico e individual, como é próprio da arte do retrato captar a semelhança física e psicológica do retratado.
O Rei Charles II fazia questão de ser retratado sempre ao lado de seu cão. Picasso fez uma série inteira homenageando Lump, seu Dachshund. Lucian Freud, falecido em 2011, inspirava-se em animais e em seu Whippet, Pluto, afirmando a respeito dos cães como modelos:
Fico impressionado com sua falta de arrogância, sua pronta disposição, seu pragmatismo animal.
Afirma ainda sobre a influência do retrato de cães sobre sua pintura de pessoas:
Tenho interesse de fato em pessoas e animais…Parte da minha afeição do trabalho com nus é por esta razão…gosto das pessoas parecendo naturais e fisicamente à vontade, como os animais, como Pluto, meu Whippet.
Nilo de Medinaceli
Meu trabalho busca inspirar-se nessa tradição de pintura de animais e de retrato de animais, especialmente de cães, a partir do aprendizado com grandes artistas do passado e da atualidade. Procuro retratá-los em sua individualidade e em traços que remetam, sempre que possível, à sua psicologia. Por isso são “retratos”, além de serem pinturas. A enorme difusão da criação de cães entre as famílias brasileiras aparece para mim como uma forma de levar uma lembrança com arte até elas, trazendo uma imagem duradoura de seus animais com uma leitura artística.
Pintores e ilustradores do Brasil e de outros países, que retratam especificamente cães ou outros animais, são para mim uma referência. Posso citar, como uma grande referência, Marcus Claudio de Caldas, professor com quem aprendi a arte de retratar pessoas e que me apresentou o holandês Rien Poortvliet, artista que se ocupou bastante da pintura de cães. Ignat Ignatov, artista búlgaro radicado nos EUA e de quem também fui aluno, é igualmente uma referência importante para mim, na pintura e no retrato de cães.
Muitos exemplos da arte exclusivamente relacionada a cães podem ser encontrados no website “Dog Art Today”, editado por Moira Mclaughlin, do século 14 à atualidade. Recomendo uma visita.
Também sou retratista de pessoas e pintor de paisagens. Participo de eventos de pintura ao vivo. Minhas obras e biografia estão no site www.medinaceliart.com
*Texto escrito especialmente pelo renomado pintor brasileiro Nilo de Medinaceli. Não deixem de conferir seu trabalho nos canais a seguir:
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