O impacto da poluição ambiental atingiu novamente um de nossos animais silvestres. No Rio de Janeiro, uma garça-moura, a maior espécie de garça do Brasil, foi flagrada com um copo plástico atravessado no pescoço, impedindo-a de se alimentar adequadamente. O incidente ocorreu no Rio Morto, no Recreio dos Bandeirantes, e foi registrado pelo veterinário e biólogo Jeferson Pires, que comanda o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS-UNESA).
Tentativa de resgate sem sucesso
Enquanto se dirigia para buscar sua filha na escola, Jeferson percebeu a ave na margem do rio e notou o objeto plástico preso no esôfago do animal. Ele parou o carro e tentou capturar a garça para levá-la ao centro de reabilitação, mas a ave conseguiu voar para o alto de uma árvore.
“Provavelmente irá morrer de fome, já que o copo não irá deixar ela deglutir seu alimento”, desabafa o veterinário em um post nas redes sociais.
A patrulha ambiental da cidade está monitorando a garça para tentar resgatá-la, mas ainda sem sucesso. Entre os riscos que a ave corre caso fique debilitada estão a morte lenta por inanição, já que o copo plástico impede sua alimentação, e a maior suscetibilidade a predadores, como os jacarés que habitam a região.
O Rio Morto e a poluição ambiental
Em entrevista à CNN, Jeferson Pires destacou que o Rio Morto, onde o incidente aconteceu, é extremamente poluído, com grande quantidade de plásticos e outros resíduos. Ele comentou que esse cenário impacta diretamente a fauna local, colocando em risco a sobrevivência de várias espécies.
“Sou veterinário de animais selvagens e estou cansado de remover deles sacolas plásticas, linhas de pesca, embalagens diversas… Já tirei até a cabeça de uma Pepa Pig do estômago de um jacaré!”, relatou o especialista.
A majestosa garça-moura
A garça-moura (Ardea cocoi), conhecida também como baguari ou socó-grande, é a maior garça do Brasil, com impressionante envergadura de até 1,80 metros. Solitária fora do período reprodutivo, essa ave habita margens de rios, lagos e pântanos, onde se alimenta de peixes, sapos e pequenos répteis.
Com suas características marcantes, como o capuz preto que se estende até os olhos e seu pescoço branco com listras verticais, a garça-moura é um símbolo de beleza e equilíbrio nos ecossistemas aquáticos. No entanto, sua desconfiança natural torna o resgate de indivíduos feridos um grande desafio.
O perigo do descarte incorreto de lixo
O caso dessa garça é um exemplo claro do impacto do descarte inadequado de resíduos sólidos. Objetos plásticos descartados de forma irregular frequentemente acabam em rios e mares, representando uma ameaça direta à fauna. Muitos animais ingerem esses materiais ou ficam presos neles, o que leva a mortes dolorosas e desnecessárias.
“Infelizmente, as pessoas ainda não se preocupam tanto assim com o meio ambiente e acreditam que isso ocorre longe de onde vivem. Mas o problema está em todo lugar, e os impactos são reais”, alerta Jeferson.
Casos como o da garça-moura também lembram os inúmeros relatos de tartarugas presas em redes de pesca ou aves que ingerem lixo, confundindo-o com alimento. Sem uma mudança no comportamento humano, milhões de animais continuarão a sofrer silenciosamente.
Conscientização: cada atitude conta
O episódio no Rio de Janeiro reforça a necessidade de conscientização ambiental. Reduzir o uso de plásticos, descartar o lixo de forma correta e apoiar iniciativas de preservação são passos fundamentais para evitar tragédias como essa.
A garça-moura ainda não foi resgatada, mas especialistas e autoridades permanecem em alerta. Jeferson Pires finaliza com um apelo: “Rezando para que essa tenha alguma sorte e, antes de morrer, consiga ser resgatada para que eu possa remover mais um lixo de um animal selvagem.”
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