Cachorro com mais mutações genéticas: Você sabe quais as raças?

O cão já convive com os humanos há muito tempo e, uma das principais consequências desse longo processo de domesticação é a seleção artificial. Mas você sabe qual é a raça de cachorro com mais mutações genéticas?

Hoje em dia existem muitas raças de cães e, cada uma delas surgiu a partir de um único ancestral.

Pensando assim, fica fácil perceber o quanto o homem as modificou para obter características desejadas.

O grande problema é que com o tempo há uma tendência de ocorrer um acúmulo de mutações nesses animais.

Isso leva a maiores probabilidades de desenvolvimento de doenças e, complicações em geral. Tal fato é bem comum em animais de raça pura.

Mas você sabe qual é a raça de cachorro com mais mutações genéticas? Continue lendo os próximos tópicos para descobrir!

Cavalier King Charles é a raça com mais mutações genéticas

Cavalier King Charles Spaniel – Foto: Freepik

Primeiramente, é importante deixar claro que é muito difícil conhecer exatamente o número de mutações que cada cão carrega e, como isso influencia na saúde deles.

Até porque não existem testes genéticos bem detalhados e desenvolvidos envolvendo todas as raças de cães conhecidas.

No entanto, um grupo de estudos da Universidade de Uppsala, na Suécia, estudou algumas raças.

O grande objetivo foi tentar descobrir a maneira e gravidade com que as práticas de reprodução canina artificiais estariam afetando a saúde dos pets.

A conclusão foi de que o Cavalier King Charles tem bem mais problemas em relação às outras sete raças que fizeram parte do estudo.

A pesquisa foi publicada na revista cientifica PLOS Genetics e, descreve o sequenciamento do genoma de vinte cachorros pertencentes a oito raças.

Entre eles, haviam labradores, golden retrievers, beagles, rottweilers, pastores alemães, poodles e West Highland white terriers, além de Cavalier King Charles, é claro.

Como é sabido, nos últimos anos a raça teve a criação intensificada, que provoca uma seleção artificial de características.

Entenda as consequências

Cavalier King Charles (Foto: Reprodução / Google)

Com isso, os animais da raça são portadores de características que de certa forma são bem negativas e, podem diminuir muito a expectativa e a qualidade de vida dos pets.

O estudo identificou, por exemplo, duas variantes relacionadas ao prolapso da válvula mitral, que provoca a degeneração da válvula, permitindo que o sangue retorne do ventrículo esquerdo para o átrio do mesmo lado.

Informações disponíveis sobre a raça levam a crer que o Cavalier King Charles existe há mais de mil anos.

No entanto, parece que entre uma geração e a outra, forma poucos os animais que realmente passaram os seus genes para a frente.

Ou seja, os animais são bem parecidos, o que leva a um acumulo de mutações e problemas de ordem genética que podem resultar em condições graves.

A reprodução acelerada de animais leva a um grande acumulo de mutações ao longo das gerações.

Isso leva a problemas terríveis, que afetam várias raças bem conhecidas, inclusive o próprio Cavalier King Charles.

No caso específico dessa raça, uma ou mais mutações estão relacionadas à proteína muscular cardíaca, NEBL, com potencial de provocar problemas graves na estrutura do coração.

Principais problemas de saúde do Cavalier King Charles

Provavelmente você já se encantou pelo menos por uma imagem de um Cavalier King Charles Spaniel, com as suas orelhas grandes e uma carinha super fofa.

Mas se você já esteve com um pessoalmente, deve ter percebido que o pet é tranquilo e gentil e muito amável.

Ele tem tudo o que um animal de companhia deve ter e, é um excelente companheiro para pessoas de todas as idades, inclusive crianças e idosos.

Filhotes de Shar pei, Cavalier King Charles e Buldogue – Foto: Freepik

O cão também pode conviver super bem com outros animais desde que seja devidamente socializado para isso.

No entanto, existe um lado negativo desta raça que é a grande possibilidade de surgirem problemas genéticos que levem à redução da qualidade e expectativa de vida do pet.

Mesmo que em geral esses animais sejam bem alegres e enérgicos, os tutores e futuros tutores devem se atentar a algumas das principais desordens que podem ocorrer na raça de cachorro com mais mutações genéticas.

Epilepsia

Quando se fala em epilepsia, deve-se ter em mente que o problema se manifesta de formas diferentes dependendo do animal.

Isso provavelmente ocorre porque a doença pode ter o envolvimento de mais do que um gene que vem da geração anterior, ou seja, dos pais.

Basicamente, a epilepsia é quando acontecem várias convulsões repetidamente. As causas podem ser diversas, como tumores cerebrais, patologia neuronal, hiperglicemia, mudanças hormonais graves e doenças cardiovasculares.

Em geral, o animal vai apresentar o problema pela primeira vez nos seus três primeiros anos de vida.

Também existem casos em que essa epilepsia não tem um motivo específico para acontecer. Nesse caso, às vezes nem se utiliza medicamento de controle.

Doença da valva mitral é comum na raça de cachorro com mais mutações genéticas

Médico com coraçõ de brinquedo na mão. Foto: Freepik

Um dos problemas mais comuns de acontecer em animais da raça Cavalier King Charles é justamente a degeneração das valvas cardíacas.

Isso é bem mais frequente de ocorrer justamente na valva mitral, que está localizada no lado esquerdo do coração.

A valva mitral está diretamente relacionada à passagem do sangue no lado esquerdo do coração. Se há um problema, ao invés de ocorrer o bombeamento para o corpo, a valva mitral não se fecha completamente e, uma parte do sangue retorna.

Por conta disso, uma menor quantidade de sangue vai ser capaz de chegar ao corpo do animal e, como forma de compensar a perda, o coração tem que trabalhar muito mais.

Com o tempo, isso leva a uma insuficiência cardíaca, que prejudica bastante a vida e o bem estar do pet.

Existem várias raças com predisposição genética para o problema e, ele é ainda mais comum nos machos.

Por sorte, mantendo uma boa rotina de consultas com o veterinário é possível diagnosticar o problema precocemente e, assim fazer o controle adequado.

Síndrome da Hipertonicidade Muscular

Cachorro no quintal – Foto: Freepik

Este é um problema que afeta exclusivamente animais Cavalier King Charles, a raça de cachorro com mais mutações genéticas.

Por sorte, esta não é uma doença progressiva e, quando se inicia um tratamento adequado precocemente, é possível manter a qualidade e a expectativa de vida do pet.

O problema é genético e, deriva de um gene recessivo herdado de ambos os pais. Ao que parece, a condição se relaciona com a trombocitopenia (baixo número de plaquetas), que é bem comum em animais desta raça.

Em relação à manifestação, a doença provoca uma forte rigidez nos membros após atividade física, excitação e estresse.

Assim como ocorre com outras condições, nesse caso também o diagnóstico precoce ajuda no bem estar do animal ao longo da sua vida.

Mutações genéticas e os seus prejuízos aos animais

Pare agora e pense em qualquer raça de cachorro que você conhece. Labrador, Boxer, Pug, Cocker, Bulldog, Pastor Alemão…

Qualquer uma delas surgiu a partir da manipulação de características desejadas pelos humanos.

Todas as raças surgiram a partir da interferência dos humanos nessa criação, uma vez que se o homem não influenciasse nisso, os cães seriam sempre mestiços.

O grande problema é que essa “purificação” exige o cruzamento entre animais que são bem semelhantes entre si.

Inclusive, era comum usar animais da mesma família para se reproduzirem. Mas hoje em dia é sabido que isso pode levar a um maior numero de mutações que levam a problemas diversos.

Dependendo do tipo da mutação, ela pode acometer o esqueleto, membros, órgãos ou, até mesmo alterar a própria fisiologia do pet.

Obviamente, o tipo de alteração depende da genética do animal. Muitos cães de pequeno porte, por exemplo, podem apresentar epilepsia.

Por outro lado, a displasia coxofemoral é algo que ocorre predominantemente em animais de grande porte.

No Boxer há uma tendencia para o câncer e, no Shar-Pei ´é comum encontrar problemas hepáticos e renais.

Outro exemplo bem comum é o do buldogue inglês, que pode ter monorquidia ou criptorquidia, ou seja, problemas testiculares.

Pode-se falar ainda sobre as variadas raças com braquicefalia, ou focinho curto, que possuem problemas respiratórios e não conseguem controlar bem a temperatura corporal.

Outras raças com problemas genéticos comuns

Como você pode perceber, apesar de o Cavalier King Charles ter sido colocado como a raça de cachorro com mais mutações genéticas, existem tantas outras que apresentam problemas. Os maiores exemplos são:

Poodle: a raça tem uma forte tendência a apresentar problemas como epilepsia, tumores mamários, problemas hormonais e hidrocefalia, por exemplo;
Cocker americano: esta é uma raça que pode apresentar diversas doenças, como é o caso de glaucoma, catarata, disfunções renais e displasias;
Rotweiller: a raça de porte grande comumente apresenta displasia coxofemoral, assim como problemas gastrointestinais;
Labrador: uma das raças mais famosas ao redor do mundo atualmente, o Labrador comumente apresenta problemas como criptorquidia, catarata, displasia coxofemoral, entre outras doenças;
Schnauzer: esta é uma raça de pequeno porte que carrega no seu DNA genes que levam ao desenvolvimento de enfermidades como o hipotireoidismo, catarata, criptoquirdismo, glaucoma, entre outros;
Buldogue inglês: a raça é conhecida por apresentar cardiopatias, sensibilidade ao calor, monorquidia, criptorquidia, displasia coxofemoral e outras enfermidades bem comuns;
Dachshund: a raça de porte pequeno é conhecida por ter problemas como artrite, hérnia de disco, cálculos renais, otites e outros que tenham interferência genética;
Pastor-alemão: a raça é conhecida por ter displasia coxofemoral e epilepsia;
Yorkshire: os animais podem apresentar hidrocefalia, problemas nos rins, catarata, atrofia da retina, câncer de testículo, entre outros.

Efeito do padreador popular

Cavalier King Charles – Foto: Pixabay

Basicamente, quando se tenta purificar uma raça, é normal buscar por animais que tenham características genéticas desejáveis.

Com isso, o que aconteceu é que os criadores começaram, a selecionar padreadores considerados de excelência.

No entanto, passadas algumas gerações, a variabilidade genética da raça foi diminuindo muito e, todos os animais eram bastante semelhantes entre si.

O problema disso é que ocorrem maiores chances de ocorrerem mutações quando isso acontece.

Entenda o problema da raça de cachorro com mais mutações genéticas

Cão deitado no sofá – Foto: Freepik

Para compreender a questão do padreador popular, você deve estar ligado em genética e, compreender um pouco sobre mutações e como elas ocorrem.

Basicamente, uma mutação é um pedaço de DNA que a célula não consegue copiar perfeitamente.

Quando uma mutação é muito maléfica para o animal, ele simplesmente morre ou não vai sobreviver. Sendo assim, a própria seleção natural fica responsável por eliminar o gene problemático.

No entanto, o homem consegue manipular esses animais, estendendo a vida deles e, também permitindo a reprodução.

Mais importante do que isso são as mutações recessivas, que não se manifestam no fenótipo do cão, apesar de estar presente no seu DNA.

Nesse caso, existe a possibilidade de o pet passar essa mutação para a sua prole e, consequentemente, para as gerações posteriores.

E quanto mais os animais forem semelhantes a nível de características genéticas, maior é a probabilidade de a mutação se manifestar na prole.

Mutações

Por isso, a seleção artificial de características desejáveis nos animais é algo que em alguns casos é bem problemático.

É preciso ter em mente que as mutações acontecem o tempo inteiro e, na maioria das vezes são corrigidas pelas células.

Quando há um efeito grave sobre a saúde, a seleção natural se encarrega de remover elas, mas na reprodução em canis, elas permanecem, geralmente invisíveis.

O grande problema é que com o passar do tempo, a quantidade de animais com a mutação vai aumentando exponencialmente, até que praticamente todos os exemplares de uma raça a apresentem.

E é justamente isso que acontece com as doenças típicas da raça de cachorro com mais mutações genéticas.

Hoje em dia existem recomendações para que não se façam cruzamentos muito restritos, usando um padreador para várias gerações.

Desta forma é possível diminuir as chances de aparecerem características indesejadas. Além disso, testes genéticos já conseguem identificar algumas doenças.

Apesar disso, a raça de cachorro com mais mutações genéticas e, tantas outras, já possuem uma série de doenças bem características.